Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

terça-feira, 27 de março de 2012

Um sorriso: estímulo na dura travessia - Com o passar dos dias, os sintomas vão surgindo e se instalando na minha mãe querida. Que mesmo cuidados, não impedem o curso da doença.Nessa direção, muitas vezes eu me vejo ausente do sentimento que sempre me moveu: a esperança! E me preocupo com isso, pois a mesma é fundamental para o percurso que temos que trilhar. Em meio a tantos desafios permeados de buscas variadas, recebo gestos que me impulsionam a seguir positivamente. Por exemplo: um sorriso lindo,aquele olhar sereno permeado de carinho e profundidade, palavras proferidas em voz baixa que ficam volumosas diante da força e intenção que carregam: não vai embora, fica comigo, volta logo, Deus te abençõe, dentre outras. Sem contar a pseudo tatuagem que levo comigo a cada despedida traduzida pelo beijo que recebo, marcado em tom rosa na minha face. Isso basta para, mesmo em lágrimas, gerar vigor e energia para que amanhã a gente se encontre novamente. Um beijo e grata àqueles que me lêem e ouvem com o coração. Vera Helena, sempre viva.
27/03/2012.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Passo a passo: orientações aos cuidadores. -  Na minha mãe, a evolução do Alzheimer tem sido gradual e lenta. Mas a cada dia nos apresenta sintomas e comportamentos novos, dos quais tentamos dar conta dentro do espaço que podemos atuar. Sobre isso, tem sido comum a queixa das cuidadoras sobre a dificuldade da minha mãe mastigar os alimentos na hora das refeições, permanecendo com os mesmos dentro da boca sem continuar o ato de mastigação e deglutição. Percebi que precisavam de alguns esclarecimentos. Imprimi um texto com um resumo básico sobre os estágios da doença a fim de que, com a  leitura se interassem do assunto. Indaguei delas se encontraram no mesmo a explicação deste comportamento da minha mãe. A resposta foi afirmativa e homeopaticamente iniciei um período de conscientização das reações e providências a serem aprendidas e executadas. Tais como: lembrar com exemplo vivo como se mastiga imitando este gesto na frente da minha mãe, pois ela pode estar se esquecento de como acontece este ato.  Também, que solicitassem da diretora do lugar como proceder em caso de engasgo, posto que este risco ocorre com mais intensidade na fase que ela se encontra.E sentindo-se impotentes, que solicitassem ajuda imediata das enfermeiras do local. Assim, vamos enfrentando, realizando e contornando a situação, focadas no bem estar e na saúde possível da minha mãe querida. Beijo e gratidão aos que me seguem nessa caminhada de cuidados. Vera Helena, sempre viva. 22/03/2012.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Alzheimer: estágios, obstáculos e os bálsamos do dia a dia - No desenrolar da doença, alguns sintomas são contidos e outros vão surgindo a nos lembrar daquilo que não podemos deter, que faz parte do fluxo natural da vida. Num quadro de Alzheimer, estas percepções se escancaram, devido ao que a perda da memória demontra no portador. Ser forte, alegre e criativo são características vitais aos que integram esse universo. Confesso que nestes dias últimos eu tenho me flagrado irritada, cansada e emotiva. Administrar a estrutura exigida pelo e para o portador requer vigor e um estado vigilante às relações que perpassam esta estrutura, destacando-se as que  rse referem às pessoas envolvidas diretamente com o portador. Pois bem, é assim que me encontro neste momento. Mas, como denominei este meu texto, há trégua marcada por gestos de carinho que superam e promovem ternura encorajando-me a prosseguir. Hoje mesmo, ao chegar no lugar que minha mãe se encontra, eu declarei à ela o meu amor e obtive como resposta igualmente terna, algo assim: eu também te amo e fica comigo! Abraçamo-nos em silencio, dispensando mais palavras, pois o gesto fala por si, tão carregado de energia positiva e de força. Um beijo e que eu tenha conseguido traduzir a sensação vivida.
Vera Helena, sempre viva. 14/03/2012.

sábado, 10 de março de 2012

Entre o tudo e o nada - Por muitas vezes, um certo marasmo se instala, como que se pedindo algo novo e desafiador nos dias que seguem com rapidez vertiginosa. No caso da minha mãe querida, essa impressão gestada em mim, talvez derive da ausência de aceitação em nada realizar para conter o impossível. Momentos de tristeza e impotência diante dos olhares distantes e sombrios e da saudade de tempos idos. Registro este estado e sensação no sentido de compartilhar vazios instalados em mim, dos quais preciso aceitar e dar conta.
Beijos da Vera Helena, sempre viva. 10/03/2012