Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Entre as mãos que fazem e os braços que se cruzam-O limiar que existe entre a potência e a impotência se entrecruzam...Explicando: minha mãe adoeceu. Sei que no idoso qualquer situação fora da normalidade gera abatimento rápido. Isso muda de significado quando a teoria acontece naqueles que amamos e nos ligamos muito.Tenho sempre feito o que julgo ser referente à minha parte. Difícil é segurar e conviver em clima de aceitação com aquilo que não dominamos, porque sinaliza para a nossa fragilidade, limitação e impotência.Nesse cenário, forma-se uma rede de ações de sujeitos e papéis diferentes, nas quais prosseguir atuando é o que nos cabe, pode e deve ser feito. Muitos anjos que colaboram com gratuidade despontam nesse fazer diário e incessante, fazendo-nos agradecer cada dia mais e mais a tudo e a todos! Questionei o que redigi no dias das mães, avaliando se não fui egoísta no meu amor de filha para com aquela que amo e devo tanto... Tantas questões, que em minuto algum me impediram de enfrentar os desafios, ora mais forte, noutras mais enfraquecida, com forças minguadas e exauridas, mas implicada sempre!O foco no Alzheimer incide na memória! E sobre ela, leio algo escrito pelo célebre Saramago, que assim nos diz : somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória, não existimos com plenitude e atuação, mas sem responsabilidade talvez não mereçamos existir! Espero encontrar energia suficiente para que nesse percurso de cuidadora da minha mãe, hoje sem domínio da sua memória, eu priorize a minha memória no sentido de nunca me esquecer que à minha mãe eu devo a minha vida, sem culpa, com leveza e compaixão! Amém... Beijos meus. Vera Helena, sempre viva.17/05/2012.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dia das Mães: minha mãe e eu - Ainda que eu a tenha calada, cadeirante, dependente e distante, em alguns dias me reconhecendo e noutros, indagando quem sou eu, eu tenho a quem chamar de mãe!!!!A cada dia que passa, o luto aumenta e com ele a vontade de estar e ficar com ela, tecendo nossas lembranças, esperando o seu sorriso enquanto rememoro os fatos engraçados de um passado presente e muito próximo dela. E o olhar penetrante irradiando felicidade é de um valor sem precedentes. Assistir a continuidade da elegância no vestir-se, no falar, nos gestos de partilha que permanecem, me estimulam sobremaneira a um amor sem peso e medida: entranhas de mãe e filha....A cada chegada e partida: o beijo selado, o batom marcado e o sorriso em aceno de adeus breve, para amanhã nos vermos e amarmos mais uma vez. Então eu penso: feliz de mim que tenho a quem chamar de mãe! Beijos a todos os meus caminhantes. Vera Helena, sempre viva. 11/05/2012.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Tempo, saudade, ausência e sorriso - Estive viajando por uns dias. Ausentei-me por 8 dias. Neles, soube da minha mãe pelas pessoas que estiveram com ela. No caso, a minha filha e quatro amigas muito presentes na nossa vida. Ao rever minha mãe amada, tive a sensação de que se passara muito tempo, bem mais que o mencionado. Abraçei-a e beijei-a muito! Que me olhava com um semblante fechado, muito sério e distante.Meu desapontamento durou pouco, pois sei que essas alterações fazem parte do quadro, além das águas do rio que seguem invariavelmente...Tenho que me contentar com esse formato de relação afetiva, que é o possível.
Ontem, estive com ela novamente que me recebeu com aquele sorriso que alimenta e gera forças para prosseguirmos nos amando da forma permitida.Fico feliz com o instante vivido, transformado num grande e único momento. Beijos meus e até sempre! Com carinho e gratidão da Vera Helena, sempre viva.08/05/2012.