Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

sábado, 22 de dezembro de 2012

Há vida: muito pode e deve ser feito! - A doença da minha mãe avança dia a dia. A criatividade precisa ser exercida! Novos sintomas, com as limitações impostas por eles. Nisso, o que importa são os movimentos e a possibilidade de rumos diferentes. Por exemplo: na minha chegada ao local onde minha mãe vive, realizo os cumprimentos rotineiros com o beijo e o abraço. Em troca, recebo um sorriso impregnado de ternura e o famoso Deus te abençoe, depois de tomada a benção diária. Mas é preciso continuar a fim de extrair mobilidade muscular da face e outros membros. Então, eu anuncio a novidade de um telefonema dirigido para ela, sempre com o mesmo conteúdo. Menciono sobre a irmã mais nova dela ( já falecida ) desejosa de saber notícias. A resposta vem em forma de mais sorriso e um diálogo entrecortado por sons às vezes inaudíveis que, mesclados àquilo que é compreensível, mobilizam os seus músculos faciais e geram uma energia alegre, de leveza. Atualmente, ela se encontra hospitalizada em decorrência de uma pneumonia e alterações na sua taxa de sódio. Mas, em meio a todo o ambiente hospitalar que lhe é muito hostil e assustador; ao anunciar sobre o telefonema que recebi ( o mesmo já citado), o semblante de alegria surge para amenizar tanta dureza que tenho assistido decorrente do estágio em que minha mãe se encontra. Insisto na possibilidade de proporcionar mudanças e transformações nos embates e desafios que o momento nos impõe! Finalizo com o título desse recorte: há vida: muito pode e deve ser feito!

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Cadeira de Rodas: arranjos e cuidados - Naquele Natal, decidimos nos unir e colaborar para a compra da cadeira de rodas, instrumento evitado ao máximo, mas necessário a partir de então.
Passados alguns anos, mamãe não esboça mais reação adversa a sentar-se nela. Até porque hoje é o meio que utilizamos para levá-la aos locais que transita. No caso: refeitório, banheiro, sala das orações diárias, lugar onde assiste a missa diariamente e para os passeios no entorno do lugar que habita, destacadamente os jardins floridos ou não, que ela admira muito. Adereços foram introduzidos na cadeira, tais como: um encosto adaptado ao tamanho dela, com uma almofadinha semelhante a um ossinho, colocada para sustentação da cervical. Assim, conseguimos controlar o pescoço dela que pendia muito, inclusive nos momentos das refeições, correndo-se o risco dela engolir errado, gerar engasgo e todas as complicações derivadas dele. Depois, almofadamos no local onde ela coloca os braços e as pernas, a fim de evitar batidas e o surgimento de hematomas, muito frequentes devido à fina espessura da sua pele. Também, porque não tem mais controle sobre os seus membros, cabendo  a nós, cuidadores, ficarmos atentos aos movimentos e posições. A composição das cores novas na cadeira ficou singela e delicada, relacionada com as preferências que ela sempre defendeu. Hoje, quando olho para essa cadeira, visualizo toda uma história percorrida até a presente data. Nela, quem se assenta hoje é um pedacinho daquela mãe ativa que eu sempre tive, com seus caquinhos perdidos pelo tempo... E avisto também a beleza de um trajeto de força, vitalidade e valentia: características desta senhora amada que é a minha mãe! Beijos e gratidão para os meus ouvintes e caminhantes do meu caminho. Vera Helena, sempre viva. 26/11/ 2012.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um toque, um aceno, uma escuta, um sorriso e um beijo: pouco e muito! - Tudo nesta vida depende do "lugar" que nos encontramos. Nessa linha, tudo é relativo, inclusive o olhar diante dos fatos vivenciados. Toco nesse ponto, porque, no lugar onde minha mãe passa os seus dias, percebo a importância das ações contidas no título desse relato. No corre corre dessa vida insana, sorrir, abraçar, tocar carinhosamente uma pessoa que cruzamos pelas ruas e calçadas, talvez signifique um obstáculo às respostas dos compromissos previa e urgentemente agendados. Talvez cause estranhez , posto que atitudes carinhosas externalizadas podem gerar indagações diversas na aridez  que somos submetidos, inundados por conceitos e teorias diversas.Fato é que permitir-se tocar, oferecer um gesto de adeus, mandar um beijo, ouvir sempre as mesmas histórias das senhorinhas que convivem com minha mãe, gera em mim uma sensação gostosa e única.Com minha mãe amada, vivencio situação semelhante ao filme O Feitiço do Tempo, quando todos os dias o despertador sinalizava para as mesmas e repetidas cenas! Em compensação, recebo sorrisos, olhares de ternura, dos quais posso dizer que este pouco representa muito!
Deixo um beijo e o meu carinho agradecido aos meus companheiros de percurso nessa estrada de dor, lutas e amor! Vera Helena, sempre viva. 19/11/2012.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Entre nós duas: um caminho, o caminho! - Minha mãe e eu, cada qual no seu tempo, papel e função que ocupamos nas nossas vidas, cumprimos a nossa missão. E entre nós, há um ponto convergente que denomino de CAMINHO. No dela, aceitar e deixar-se ser cuidada.  No meu, disponibilizar espaços para  o papel ativo de cuidadora. Não há muita flexibilidade para respeitar as limitações de sofrimento e dor, pois ações diárias têm que ser tomadas já que atualmente minha mãe depende de todos para toda e qualquer atividade de vida diária. Nos nossos encontros, a esterilidade se acentua, pois nesse caminho no qual minha mãe percorre os seus passos, inexiste uma dinâmica de relação. A mim compete o fazer amando, no qual a máxima de nada esperar constitui-se na única realidade palpável. O caminho é esse! Nesse jogo, nos enveredamos, ganhamos e perdemos, mas seguimos com energia no caminhar possível! Deixo um beijo e a gratidão pelo espaço de escuta e apoio, que preciso tanto.... e tanto. Vera Helena, sempre viva. 09/11/2012.

quarta-feira, 31 de outubro de 2012

Os dois F da minha mãe - Somos parte do tempo que é infinito. Nele, passamos e imprimimos nossas marcas.Também temos e fazemos o nosso tempo, dentro das possibilidades que nos são oferecidas, nas quais nos identificamos. No caso da minha mãe querida, como digo sempre, há um fluxo, filho deste tempo que não controlamos e que nos permite assistir a construção de cada um no percurso da sua vida. A referência do tempo também se altera na velhice. Sinto que há momentos em que um dia equivale a um ano. Fato este que nos permite viver com intensidade os instantes de cada dia.Sobre isso, viajei por 5 dias, ficando sem ver minha mãe neste período. E os dois F, mencionados no título desta escrita, se mostram cada vez mais.No que consistem os mesmos? Em Frágil e Forte! Não resta dúvida que a vida que minha mãe teve, ocasiona esta fortaleza que existe nela. Com raros eventos de doença em toda a sua trajetória, ela tem se mostrado muito forte, enquanto portadora de duas patologias que a consomem: o Alzheimer e o Parkinson. Mas, não resta dúvida que a fragilidade caminha a passos largos, fazendo sintomas no seu corpo forte. Ontem, saí de lá com a sensação de que ficara um ano sem vê-la, tamanha a diferença que estes 5 dias geraram nela. Irritada, cansada, me pedindo para dormir a todo momento. Muito calor, desconforto e impotência mediante este calvário que minha mãe-força, tem vivido. Tempo de desejar o melhor para ela, porque sei que a providência cuida de nós! Grata pela escuta. Beijos da Vera Helena, sempre viva. 31/10/12

quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Observações Cotidianas: algumas impressões - Conforme mencionado dias atrás, no local onde minha mãe mora, há senhoras que são portadoras de alguma doença que afeta a memória. Consequentemente, as atitudes delas são decorrentes desta perda neuronal. Entretanto, há aquelas que lá residem por opção própria, ou como decisão familiar decorrente de necessidades diversas. Estas, não possuem comprometimento ligado à memória, portanto, "situam-se" adequadamente no dia a dia, atentas aos acontecimentos de maneira lúcida.Sobre estes universos diferentes, me inquieto a refletir se elas têm ganhos com este contato, na medida em que nem sempre se relacionam com os seus pares. Ou seja, muitas vezes, " conversam " uma conversa inócua, estéril, sem eco, na medida em que muito pouco do conteúdo destas falas têm coerência suficiente para o bate papo prosseguir naturalmente. Como decorrência dessa frustração, surge o silencio e isso não é saudável! Na contrapartida, vivencio e desfruto de outros momentos ímpares, oferecidos àqueles que conseguem sentir a magnitude dos mesmos. Um deste momentos é a hora da missa, onde reunidas quase que diariamente, se solidarizam diante do que este evento pode suscitar em cada uma delas. Assisti-las cantando, orando em silencio ou em preces faladas, é um convite para que eu me faça presente sempre que puder. Inclusive, por verificar que velhos hábitos permanecem atuais nos gestos da minha mãe, que com dificuldade, os executa revivendo um passado sempre presente enquanto possível! E assim vamos nós: um dia de cada vez e sempre! Beijos para todos. Vera Helena, sempre viva. 18/10/2012.

sábado, 6 de outubro de 2012

Caminhos, descaminhos, perdas e ganhos - No local onde minha mãe reside, outras senhoras escolheram como morada.Como vou até lá diariamente, conheço todas as pensionistas que possuem os seus aposentos no mesmo andar que minha mãe habita. Nossos laços afetivos se apertam e afrouxam simultaneamente. Pois há uma maioria delas que são portadoras de Alzheimer e como tal, me cumprimentam como se todos os dias fosse a primeira vez. E eu, me comporto com atitudes que também fazem-nas pensar que me vêem pela primeira vez.A energia é sempre muito boa, levando-me a pensar que  me encontro numa situação privilegiada, porque observo e presencio situações repletas de ternura e encantamento, nas quais aprendo lições que nenhuma literatura menciona, já que as mesmas derivam de relações inéditas e nem sempre repetidas.Sorrisos, solicitações diversas, acenos de mão, envio de beijos e despedidas delicadas, compõem o quadro de algumas ações que vivencio com frequência. Além disso, conto com as canções entoadas, que me reavivam lembranças felizes, as poesias declamadas por uma senhora para outra colega em dias de comemorações. Sem dúvida, são emoções que me tocam imensamente. Estes instantes me alimentam e renovam, sobretudo em períodos que me deparo com desafios desencadeados pelas pessoas que cuidam da minha mãe e que por questões pessoais se atritam, requerendo minha intervenção com o objetivo de esclarecer e dialogar a fim de garantir um cotidiano harmonioso para minha mãe amada. Portanto, benditas senhorinhas que me acalmam e impulsionam a seguir adiante! Um beijo no coração de cada um dos que caminham pelos meus caminhos. Vera Helena, sempre viva. 06/10/12

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Minha mãe: 89 anos de vida, algumas impressões - Dia 21 último, minha mãe completou 89 anos de vida. Atualmente, ela necessita do auxílio do outro para todas as atividades e necessidades diárias. A dependência é total. Limitações impostas dia a dia. Entretanto, sempre existe um caminho quando se tem boa vontade. Refiro-me à forma que celebramos o aniversário dela. Amigos disponíveis ao horário permitido no local onde ela vive, lá estiveram levando abraços e carinho. E do jeitinho dela, ela agradeceu a todos, inclusive àqueles que levaram uma lembrança materializada pela data. Os bisnetos se encarregaram de gerar gotas de alegria e estimular sorrisos e olhares para minha mãe, que os acompanhava nas atividades que desempenhavam. E com uma velinha acesa, simulamos um bolo e entoamos o parabéns para você. Um sentimento de ternura inundou o meu coração, quando percebi que, no som possível ela também cantou. Em seguida, notamos no seu semblante, os sinais de cansaço e exaustão, que entendemos e atendemos prontamente, conversando menos e diminuindo o tom das palavras que pronunciávamos. Aos poucos, nos retiramos a fim de que ela prosseguisse na rotina do lugar, da qual encontra-se plenamente adaptada.
No retorno para a minha casa, refleti sobre o tempo. E verifiquei que o meu conceito sobre o mesmo sofreu alterações profundas, pois o que menos me inquieta é a cronologia dos dias já vividos ou a serem experienciados. O que de fato importa é o tempo presente e os seus instantes nos quais nos relacionamos, que se fazem longos e intensos. Ganhos e percepções de quem alegremente se disponibiliza vivenciar! Escolhas perenes, inundadas de gratidão e bem querer. Beijos e até muito breve, com paz e bem. Vera Helena, sempre viva. 24/09/2012.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Receita para um sorriso - Como tenho postado, a memória da minha mãe cada dia se aloja em fases correspondentes ao estágio e avanço da doença. Ultimamente, nossas conversas têm girado em torno da sua infância e de alguns personagens. Refiro-me especificamente à sua irmã caçula, a querida e saudosa Dorinha. Que para ela, encontra-se viva. Para que ela movimente a musculatura facial, falar é importante e essencial. Portanto, é sobre a Dorinha que conversamos. E o diálogo flui melhor quando o enunciado do mesmo é curto e objetivo, possibilitando a compreensão e resposta àquilo que eu relato ou pergunto. Por exemplo: Mãe, sabe quem ligou para a senhora hoje? E ela indaga: quem? Eu digo: a Dorinha! Sorrindo muito e demonstrando emoção, ela verbaliza: ah, aquela pequenininha, "tadinha"! Eu insisto: "tadinha" por que? Resposta: ela é tão novinha ainda...Prossigo: puxa mãe, eu me esqueci da idade dela! Ouço então: uns três ou quatro anos! Constato que, de maneira breve e objetiva, nos alegramos e atingimos o objetivo maior, ao lado de tantos outros que naturalmente vão surgindo.Receita  de sucesso, com resultados benéficos para ela e para mim, que, de forma privilegiada, desfruto de um tempo precioso, inesquecível, principalmente pela leveza e sensação de bem estar que nos são proporcionados. Despeço-me dela, com alegria e vontade de aproveitar ao máximo o tempo que dispomos. Beijos carregados de gratidão e o desejo de colaborar com quem, diretamente ou não, caminha pelo mesmo caminho que eu. Vera Helena, sempre viva. 06/09/2012.

terça-feira, 28 de agosto de 2012

Quando o pouco é muito - Diariamente, subo a escada do local onde minha mãe reside a me questionar  acerca do estado dela. A oscilação é constante e previsível em todos os sentidos. Nesses últimos dias, tenho me valido de algumas evocações pontuais no diálogo possível com minha mãe. Depois das saudações iniciais, percebo que ela se recolhe e se aquieta. E manter a oralidade é fator essencial, com ganhos diversos. É neste momento que recorro ao passado, que para minha mãe é o seu tempo presente, posto que constitui-se no repertório que possui e dispõe. Então eu digo para ela: mãe, sabe quem telefonou hoje para a senhora? E ela sempre indaga : quem?  Respondo verbalizando o nome de uma ou duas das suas irmãs.Pois mais do que isso, ela não processa e nem retém  no pouco tempo da sua capacidade de registrar e elaborar uma resposta lógica. Resposta esta constantemente verbalizada com palavras pertinentes à pergunta efetuada. Mais ainda: com expressão facial visivelmente alegre. No mesmo foco, elaboro mais uma ou duas questões curtas, que ela responde coerente e prazerosamente. Saio de lá com a certeza que nos mobilizamos positivamente, atitudes estas que, como bálsamo de ternura, me incentiva a prosseguir e prosseguir todos os dias, um pouquinho de cada vez e sempre! Deixo um abraço afetuoso para os meus parceiros de leitura, além da minha gratidão. Vera Helena, sempre viva. 28/08/2012.

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Entre belas e surpreendentes surpresas - De fato, podemos acreditar que no exaurir das nossas forças, desafiadas até  limites desconhecidos, surgem fatos que nos desbancam e deixam atônitos. Explicando melhor: tenho compartilhado passo a passo com meus amigos leitores sobre o caminho realizado com minha mãe, no enfrentamento diário com o Alzheimer e o Parkinson. A fase do momento tem sido mais leve, proveitosa e entendível, proporcionando um diálogo vigoroso dentro dos limites que possuímos. E nesse fluxo da vida, a data do aniversário da minha mãe se aproxima e com ela, potencializo indagações sobre o evento. Salvo um dia em que não se recordou, todos os outros, quando eu menciono não me lembrar de quem é o aniversário do dia 21 de setembro, ouço a seguinte resposta: é o meu! Reajo com atitude de surpresa e agradecimento por ter sido lembrada e afirmo que é preciso fazer um bolo. Ela acena positiva e alegremente, esbanjando um sorriso matreiro e feliz. Esboço dúvidas sobre o sabor do bolo: fubá, ou chocolate? Rapidamente, ouço a seguinte escolha: chocolate! Persisto questionando: com ou sem cobertura? Sem pestanejar ela me diz: com cobertura!
Então, me comprazo nestes intervalos que o processo da doença nos concede. Com alegria, ternura e uma certa inquietude, me preparo para um novo dia, sem certeza alguma mas com muita curiosidade, fonte geradora das minhas ações e cuidados filiais.Um alerta: nunca subestime as conexões neuronais de um portador de Alzheimer, pois as surpresas ocorridas no dia a dia, quebram certezas e todos pontos finais! Cautela, prudência e aceitação incessantes consistem na prática nossa de cada dia! Beijos e gratidão aos que me escutam e enxergam. Vera Helena, sempre viva. 13/08/ 2012.

quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Entre ciclos: a vida!  Os sintomas decorrentes das sequelas instaladas no quadro da minha mãe, se intensificaram nestes últimos 20 dias do mes de julho. Diante da baixa  capacidade de movimentação, a tosse aumentou, a deglutição ficou mais comprometida e com isso, o ato de babar também se intensificou requerendo medidas e cuidados mais apurados. Afirmo que houve dias em que assisti minha mãe muito abatida, sem forças e vivacidade, levando-me a uma preocupação muito grande, acompanhada de uma fragilidade que, em aguns momentos, não conseguia me recuperar. O que surpreende, é a vida acontecendo na sua inexoralidade e surpresas desafiadoras ao nosso entendimento. Explicando: mesmo nos dias em que minha mãe não conseguia proferir nenhuma palavra, os seus olhos verdes moviam-se a me acompanhar, mostrando que embora sem falar, se fazia presente e em entendimento, com o movimento do olhar. Percebi que, mesmo com este silencio imposto pelas circunstâncias, era preciso comentar sobre o seu estado, longe dela; já que embora com o vocabulário diminuído significativamente, era preciso nos precavermos. Hoje, posso dizer que a minha intuição foi procedente, porque, com  a sua melhora, as respostas curtas e breves sobre algumas questões dirigidas à ela, voltaram revelando coerência, a sinalizar para que assuntos relacionados ao estado do portador, devem e precisam ser realizados distante dele! Prudência sempre!
Mais uma vez, eu agradeço a fidelidade daqueles que me escutam e enxergam. Deixo um beijo, meu carinho e gratidão. Vera Helena, sempre viva! 1º/08/2012.

sexta-feira, 20 de julho de 2012

Desafios e gotas de alegria - O estado geral de saúde da minha mãe, passa por uma fase de fragilização.O abatimento é consequência da situação. E com isso, uma série de medidas são tomadas. Questões novas vão surgindo, tais como: melhor o uso da sonda? Quais os caminhos e entraves burocráticos a serem seguidos e surgidos de acordo com a cobertura que o convênio disponibiliza? Alternativas despontam e meus passos são dirigidos para elas, algumas com sucesso e outras não. Diante das negativas e evidências, prossigo na busca de substitutos. Junto a isso, procuro me fazer presente ao lado da minha mãe querida, já que sou a única referência de mundo, sobretudo do afetivo que minha mãe possui e se norteia. É prazeroso assistir o seu olhar me acompanhando com aqueles lindos olhos verdes, ora mais límpidos e noutras mais opacos. A capacidade dela verbalizar palavras e constituir frases com sons nítidos diminui dia a dia. É preciso ficar bem próximo dela para escutar o que fala, sempre com respostas coerentes e contextualizadas, encontrando as palavras certas no momento certo.São frases bem curtas às vezes formadas por 2 palavras, mas pertinentes ao que se indaga. O som emitido surge com uma tonalidade diferente, mais grosso e entrecortado, talvez pela rigidez muscular que se aloja também nos músculos faciais.
Vale mencionar e compartilhar o ocorrido num desses dias em que ficamos no quarto dela, só nós duas. Comuniquei para ela que cantaria as canções que ela cantava quando eu era criança. No caso: Índia, Maringá, O grão de areia, A estrela Dalva e outras. Justifico que nem sei se estes são os nomes verdadeiros das músicas. Depois, cantei a canção da minha mãe: O bêbado e o equilibrista. E me emocionei quando ela movimentava os lábios, proferindo sons possíveis a me acompanhar...Preferi não continuar porque ela está com uma tosse muito forte e com o esforço gerado, ela começou a tossir. E como se encontra com dificuldade de deglutição, percebi que o mais prudente era finalizar aquele momento repleto de encanto e sensibilidade. Abracei-a muito e despedi-me dela tomando a sua benção, que ela me concedeu com esforço visível, mas presente! Esses instantes proporcionam vigor e força para os caminhos que vamos caminhar com alegria, aceitação, ação constante e fé permanente! Beijos e gratidão àqueles que me escutam. Vera Helena, sempre viva- 20/07/2012.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

Lições de vida em vida - Sempre que posso me disponho a  ficar com minha mãe. Isso acontece quase que diariamente. O abatimento e fragilidade dela se intensificam a olhos vistos. Aceitar o imutável  e proporcionar qualidade em todos os segmentos possíveis prossegue dentro da estrutura que dispomos. Dias desses, passeava com ela empurrando a sua cadeira de rodas. Dialoguei e cantei o diálogo e sons possíveis. Silenciei o silencio afetuoso e cúmplice, entendendo os sinais emitidos, bem conhecidos na nossa relação. E num determinado momento, deixei de caminhar e paramos num local comum e coletivo das senhoras do local. Observei minha mãe com carinho, também com o objetivo de avaliar se ela estava confortável e segura. O dia estava frio e chuvoso. Verifiquei que ela estava suficientemente protegida pela roupa que usava. O sentimento despertado foi de tranquilidade e de um despojar de qualquer tipo de culpa. Subitamente, lembrei-me do jeito de ser da minha mãe, que raramente se queixava ou lamentava, ainda que com muitos motivos para o fazê-lo. Sempre disposta, alegre, disponível aos que dela necessitassem, muito fiel ao que lhe relatavam, angariando com isso, o afeto de todos. Com isso, frequentemente era convidada para eventos diversos já que a sua presença era desejada e esperada nos mesmos. Naquele relance- fração do tempo, constatei que ela sempre se agarrou ao que a vida lhe ofereceu e compreendi que aprender com o seu exemplo consiste na melhor lição e tarefa que posso levar comigo. E assim sigo eu, num caminhar e ritmo de um tempo que me sugere muita reflexão, aceitação,paciência e paz! Sobretudo, muita fé! Beijos da sempre viva Vera Helena. 09/07/2012.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Calvário e o caminhar possível - o estado geral da minha mãe debilita-se dia a dia. Todos os cuidados  têm sido realizados para a manutenção da qualidade de vida dela. Não há como negar e nem deixar de presenciar o avanço das patologias que ela possui: Parkinson e Alzheimer.A voz torna-se mais baixa, requerendo mais atenção na escuta. As palavras pronunciadas têm sido reduzidas a um universo que precisa de muita criatividade e estimulação para emitir sons e sílabas que compõem uma palavra.Para isso, me remonto àqueles fatos vividos num passado distante, mas que para ela são sempre atuais. Busco somente os que traduzem lembranças positivas e alegres.Músicas do tempo dela, também provocam reações confortáveis, mantendo assim a necessária verbalização e movimentação dos músculos da face.Mas, o que mais me impressiona é assistir a sua caminhada, presente num número de 10, 15 e 20 passos no máximo, com interrupções devido à postura e fraqueza, muito visíveis. Pois a dependência se intensifica para todas as atividades de vida diária; agora quase que totalmente. Três pessoas para auxiliarem no trajeto. E assim vamos nós: um dia de cada vez e sempre! O meu alimento físico e espiritual tem sido o sorriso e o beijo que recebo na chegada e na despedida, em meio a um tempo de calvário, do qual espero suavizar com força e fé! Beijos aos que me acompanham. Vera Helena, sempre viva. 18/06/2012.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A importância da valorização das emoções do portador em todos os estágios - dias atrás minha mãe sofreu uma queda, tendo ferido a sua cabeça. Felizmente não teve consequências mais desastrosas diante do ocorrido.Cheguei quase que imediatamente ao incidente, que exigiu a presença de um médico, para direcionar os procedimentos a serem efetuados. Minha mãe sempre se mostra colaboradora nesses momentos, com frequencia extrai comentários positivos dos profissionais da saúde acerca do seu comportamento. Como já mencionei, o estágio em que ela se encontra, insere-se ao terceiro, num processo de dependência cada vez mais contínuo e constante. No entanto, preciso relatar que depois da queda, ela mostrou-se muito assustada, manifestando um semblante atemorizadoe enrijecido o tempo todo.Que persiste até hoje ( quatro dias depois), com algumas manifestações físicas, tais como: uma rigidez notória na musculatura dos  ombros, pescoço e face, em forma de nódulos, que estão sendo cuidados. Interessante notar o medo instalado com sintomas, mas também por intermédio de palavras como: cuidado, eu vou cair!
O que pude observar até a presente data é que, devemos e precisamos levar em consideração as emoções do portador, independentemente das fases que se encontra, pois minha mãe externalizou esta necessidade nestes dias últimos que julgo pertinente compartilhar com os meus leitores, no sentido de alertá-los sobre a seriedade de questões que surgem quando em eventos como esse que relatei aqui e agora. Com carinho e gratidão, me despeço por hoje. Entendo que como tudo na nossa vida, não temos certeza de nada. Também na relação: portador, cuidador e familiares temos que acreditar na força e energia que nos serão disponibilizadas um dia de cada vez e sempre! Amém! Paz e bem... 19/06/2012.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

  • Um presente no presente : exemplo valoroso! - No dia 29 de maio último, meu irmão fez aniversário. Ele reside numa cidade, que localiza-se num raio de 290 quilometros de distancia da cidade em que resido.Lembrando, é onde nossa mãe vive institucionalizada. Eu estava viajando. E ele decidiu passar este dia ao lado da nossa mãe. O dia estava bonito, ensolarado e segundo relatos, minha mãe alegrou-se muito ao vê-lo, recordou-se de um dos nomes dele, que o deixou muito feliz. Confesso que o gesto do meu irmão me comoveu, não só a mim, como a todos os que participaram desse evento. Compartilho com vocês tal experiência porque vejo nessa atitude um exemplo a ser seguido, independentemente do estágio que o portador se encontra. Nunca sabemos as reações do mesmo, mas como no caso do meu irmão, um sorriso, um olhar, uma palavra proferida, um carinho e um silencio significativo pouco custam, mas criam muitas possibilidades das quais, precisam e devem ser aproveitadas no tempo e hora que a vida nos propuser. Sem muitas reflexões, mas com decisões que priorizem a vida, enquanto existir vida! Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 08/06/2012.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

Entre as mãos que fazem e os braços que se cruzam-O limiar que existe entre a potência e a impotência se entrecruzam...Explicando: minha mãe adoeceu. Sei que no idoso qualquer situação fora da normalidade gera abatimento rápido. Isso muda de significado quando a teoria acontece naqueles que amamos e nos ligamos muito.Tenho sempre feito o que julgo ser referente à minha parte. Difícil é segurar e conviver em clima de aceitação com aquilo que não dominamos, porque sinaliza para a nossa fragilidade, limitação e impotência.Nesse cenário, forma-se uma rede de ações de sujeitos e papéis diferentes, nas quais prosseguir atuando é o que nos cabe, pode e deve ser feito. Muitos anjos que colaboram com gratuidade despontam nesse fazer diário e incessante, fazendo-nos agradecer cada dia mais e mais a tudo e a todos! Questionei o que redigi no dias das mães, avaliando se não fui egoísta no meu amor de filha para com aquela que amo e devo tanto... Tantas questões, que em minuto algum me impediram de enfrentar os desafios, ora mais forte, noutras mais enfraquecida, com forças minguadas e exauridas, mas implicada sempre!O foco no Alzheimer incide na memória! E sobre ela, leio algo escrito pelo célebre Saramago, que assim nos diz : somos a memória que temos e a responsabilidade que assumimos. Sem memória, não existimos com plenitude e atuação, mas sem responsabilidade talvez não mereçamos existir! Espero encontrar energia suficiente para que nesse percurso de cuidadora da minha mãe, hoje sem domínio da sua memória, eu priorize a minha memória no sentido de nunca me esquecer que à minha mãe eu devo a minha vida, sem culpa, com leveza e compaixão! Amém... Beijos meus. Vera Helena, sempre viva.17/05/2012.

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Dia das Mães: minha mãe e eu - Ainda que eu a tenha calada, cadeirante, dependente e distante, em alguns dias me reconhecendo e noutros, indagando quem sou eu, eu tenho a quem chamar de mãe!!!!A cada dia que passa, o luto aumenta e com ele a vontade de estar e ficar com ela, tecendo nossas lembranças, esperando o seu sorriso enquanto rememoro os fatos engraçados de um passado presente e muito próximo dela. E o olhar penetrante irradiando felicidade é de um valor sem precedentes. Assistir a continuidade da elegância no vestir-se, no falar, nos gestos de partilha que permanecem, me estimulam sobremaneira a um amor sem peso e medida: entranhas de mãe e filha....A cada chegada e partida: o beijo selado, o batom marcado e o sorriso em aceno de adeus breve, para amanhã nos vermos e amarmos mais uma vez. Então eu penso: feliz de mim que tenho a quem chamar de mãe! Beijos a todos os meus caminhantes. Vera Helena, sempre viva. 11/05/2012.

terça-feira, 8 de maio de 2012

Tempo, saudade, ausência e sorriso - Estive viajando por uns dias. Ausentei-me por 8 dias. Neles, soube da minha mãe pelas pessoas que estiveram com ela. No caso, a minha filha e quatro amigas muito presentes na nossa vida. Ao rever minha mãe amada, tive a sensação de que se passara muito tempo, bem mais que o mencionado. Abraçei-a e beijei-a muito! Que me olhava com um semblante fechado, muito sério e distante.Meu desapontamento durou pouco, pois sei que essas alterações fazem parte do quadro, além das águas do rio que seguem invariavelmente...Tenho que me contentar com esse formato de relação afetiva, que é o possível.
Ontem, estive com ela novamente que me recebeu com aquele sorriso que alimenta e gera forças para prosseguirmos nos amando da forma permitida.Fico feliz com o instante vivido, transformado num grande e único momento. Beijos meus e até sempre! Com carinho e gratidão da Vera Helena, sempre viva.08/05/2012.

quinta-feira, 26 de abril de 2012

Artimanhas da memória: doces surpresas do amor - De uma maneira geral, atualmente, o repertório de estímulo da minha mãe, aloja-se nas lembranças da sua infancia. Nela, a sua família nuclear, a escola de origem italiana e alguns fatos engraçados compõem os registros evocados.Através deles, conversamos, sorrimos e mantemos a nossa prosinha diária. No entanto, há dois fatos que merecem ser trazidos nesse contexto, pois fazem parte de um tempo que a memória da minha mãe preservou. O primeiro, consiste no meu reconhecimento, demonstrado com o sorriso que sempre me recebe, o meu nome verbalizado todas as vezes que nos encontramos, inclusive o Helena que completa o Vera. Um sorriso que vale por tudo e me impulsiona a cuidar com um amor incondicional e devotado. O outro, fica por conta da alegria cantada, sem lapso algum na letra, quando ouve a "sua" música. No caso, O Bêbado e o Equilibrista. Esta última, sempre foi entoada em sua homenagem, posto que todos sabiam da sua preferencia. Retomando: foi esta a música que, quando na festa dos seus 80 anos, ela bailou no centro da roda, elegantemente trajada naquele lindo vestido verde; tal e qual uma borboleta no instante da descoberta do vôo a ser atingido onde deseja alcançar!!! Instantes que valem por uma vida tão intenso é o amor que percorre no meu corpo, alma, mente e coração, dos quais agradeço na mesma intensidade e emoção.Beijos e grata aos meus seguidores fiéis. Vera Helena, sempre viva. 26/04/2012.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Sensações, sentimentos e reações decorrentes da visita para a vovó - Domingo último, meu filho que reside numa outra cidade, visitou a minha mãe, com minha nora e netos. Todos ansiosos e saudosos para verem a bisa. Com bolachinhas para ela e muita alegria, chegaram ao local onde minha mãe vive. Meu filho, que tem uma forte ligação com ela, não conteve as lágrimas e por várias vezes teve que se distanciar a fim de se acalmar e prosseguir nas conversas possíveis.Diante do fato, com características de alegria e tristeza, creio ainda que, quando possível, situações como essas devem acontecer. Ficou visível a satisfação da bisa olhando amorosamente para o bisneto e a bisneta, inclusive comentando no tom de voz baixinho, ou seja, o que ela  consegue emitir sobre como estavam crescidos e bonitos... Instantes valiosos de ternura que com certeza se eternizaram.Beijos meus para os leitores meus, dos quais agradeço pela escuta e ombro amigos! Vera Helena, sempre viva. 24/04/2012.

quinta-feira, 19 de abril de 2012

A necessidade da escuta atenta e sensível ao portador - Na terça feira, dia 17, minha mãe queixou-se de dor de dente por várias vezes. Diante da queixa recorrente, a profissional responsável pelo lugar que minha mãe reside, solicitou um dentista para verificar o que acontecia. Observou-se que um dente estava quebrado e mole, sendo recomendada a sua retirada. Concordamos com o profissional, que  havia nos alertado sobre a possibilidade do dente ao lado ter que ser extraído. Isso ocorreu. No local, todos os procedimentos foram efetuados com calma, serenidade e recursos adequados. O comportamento da minha mãe foi impecável, revelando bastante colaboração no decorrer do evento. E mais uma vez percebemos, que é prudente e recomendável atentar às reclamações dos portadores, independentemente dos estágios que se encontram, já que neste caso a minha mãe foi uma integrante ativa na equipe que trabalha pelo seu bem estar e dignidade!
Por hoje, é só.Saudações carinhosas e agradecidas da Vera Helena. 19/04/12

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Mudanças necessárias - O rio corre sozinho e há alguns fluxos do mesmo que não conseguimos deter. Mas há sempre outras alternativas, das quais nos valemos diante do imutável. No caso da minha mãe querida, percebemos depois de muito observar que, não há mais como ela se alimentar ingerindo alimentos sólidos, pois tem encontrado muita dificuldade e muitas vezes; notamos que ela se esqueceu do ato de mastigar, ainda que o tempo todo fiquemos mostrando como o mesmo se processa. Os riscos desta postura incidem no engasgo, na condução equivocada do alimento, gerando com isso, comprometimentos dos quais precisamos evitar. A solução encontrada consistiu na mudança do estado e apresentação dos alimentos a serem servidos às refeições. De agora em diante, tudo será pastoso, para garantirmos que a refeição se  efetive com sucesso. E que as cuidadoras prossigam com muita paciência e vigilância no momento das refeições, já que agora são elas que oferecem pois minha mãe não tem mais forças e coordenação suficientes  para alimentar-se sozinha. Sobretudo, que enquanto equipe façamos a nossa parte para o novo ciclo que se inaugura. Diante da mudança, que a  perseverança e a esperança prevaleçam suficientemente para cada dia e sempre! Beijos e grata pelo espaço de escuta afetiva. E contem comigo para colaborar dentro do que sei e posso fazer por aqueles que vivenciam situações similares. Vera Helena, sempre viva. 11/04/2012.

segunda-feira, 2 de abril de 2012

Dependência crescente e  novas medidas - Tenho vivenciado parte das leituras que fiz e realizo sobre o tema Alzheimer. As reações são inúmeras e nem sempre se manifestam na sua totalidade, felizmente. Pois para cada sintoma precisamos buscar atitudes que proporcionem alívio e conforto para o portador, estendendo-se para o cuidador já que a angústia é recíproca, diante do novo. E entre acertos e desacertos vale a vontade e o propósito de integrar a equipe colaboradora, garantindo melhor qualidade de vida à todas as partes. Em meio disso, tenho me flagrado em busca de alternativas viáveis para as fases que minha mãe querida tem vivenciado. Dentre elas, a melhor maneira de prosseguir levando-a à missa no local em que reside, inclusive para comungar, já que este hábito vem de muito tempo, cuja permanência tem sido positiva na rotina diária da minha mãe. Entretanto, ela tem manifestado dificuldade para engolir a hóstia, tossindo e dando a impressão que vai se engasgar. Decidimos então levar a água para, em seguida da comunhão, ela ingerir alguns goles e assim facilitar o ato de engolir. Verificaremos a eficácia da medida para darmos ou não seguimento a este costume vivenciado por toda uma vida. Por hoje é só na certeza de que as forças necessárias à esta travessia surgem no tempo e medida exatos. Um beijo, paz e bem...Vera Helena, sempre viva. 02/04/2012.

terça-feira, 27 de março de 2012

Um sorriso: estímulo na dura travessia - Com o passar dos dias, os sintomas vão surgindo e se instalando na minha mãe querida. Que mesmo cuidados, não impedem o curso da doença.Nessa direção, muitas vezes eu me vejo ausente do sentimento que sempre me moveu: a esperança! E me preocupo com isso, pois a mesma é fundamental para o percurso que temos que trilhar. Em meio a tantos desafios permeados de buscas variadas, recebo gestos que me impulsionam a seguir positivamente. Por exemplo: um sorriso lindo,aquele olhar sereno permeado de carinho e profundidade, palavras proferidas em voz baixa que ficam volumosas diante da força e intenção que carregam: não vai embora, fica comigo, volta logo, Deus te abençõe, dentre outras. Sem contar a pseudo tatuagem que levo comigo a cada despedida traduzida pelo beijo que recebo, marcado em tom rosa na minha face. Isso basta para, mesmo em lágrimas, gerar vigor e energia para que amanhã a gente se encontre novamente. Um beijo e grata àqueles que me lêem e ouvem com o coração. Vera Helena, sempre viva.
27/03/2012.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Passo a passo: orientações aos cuidadores. -  Na minha mãe, a evolução do Alzheimer tem sido gradual e lenta. Mas a cada dia nos apresenta sintomas e comportamentos novos, dos quais tentamos dar conta dentro do espaço que podemos atuar. Sobre isso, tem sido comum a queixa das cuidadoras sobre a dificuldade da minha mãe mastigar os alimentos na hora das refeições, permanecendo com os mesmos dentro da boca sem continuar o ato de mastigação e deglutição. Percebi que precisavam de alguns esclarecimentos. Imprimi um texto com um resumo básico sobre os estágios da doença a fim de que, com a  leitura se interassem do assunto. Indaguei delas se encontraram no mesmo a explicação deste comportamento da minha mãe. A resposta foi afirmativa e homeopaticamente iniciei um período de conscientização das reações e providências a serem aprendidas e executadas. Tais como: lembrar com exemplo vivo como se mastiga imitando este gesto na frente da minha mãe, pois ela pode estar se esquecento de como acontece este ato.  Também, que solicitassem da diretora do lugar como proceder em caso de engasgo, posto que este risco ocorre com mais intensidade na fase que ela se encontra.E sentindo-se impotentes, que solicitassem ajuda imediata das enfermeiras do local. Assim, vamos enfrentando, realizando e contornando a situação, focadas no bem estar e na saúde possível da minha mãe querida. Beijo e gratidão aos que me seguem nessa caminhada de cuidados. Vera Helena, sempre viva. 22/03/2012.

quarta-feira, 14 de março de 2012

Alzheimer: estágios, obstáculos e os bálsamos do dia a dia - No desenrolar da doença, alguns sintomas são contidos e outros vão surgindo a nos lembrar daquilo que não podemos deter, que faz parte do fluxo natural da vida. Num quadro de Alzheimer, estas percepções se escancaram, devido ao que a perda da memória demontra no portador. Ser forte, alegre e criativo são características vitais aos que integram esse universo. Confesso que nestes dias últimos eu tenho me flagrado irritada, cansada e emotiva. Administrar a estrutura exigida pelo e para o portador requer vigor e um estado vigilante às relações que perpassam esta estrutura, destacando-se as que  rse referem às pessoas envolvidas diretamente com o portador. Pois bem, é assim que me encontro neste momento. Mas, como denominei este meu texto, há trégua marcada por gestos de carinho que superam e promovem ternura encorajando-me a prosseguir. Hoje mesmo, ao chegar no lugar que minha mãe se encontra, eu declarei à ela o meu amor e obtive como resposta igualmente terna, algo assim: eu também te amo e fica comigo! Abraçamo-nos em silencio, dispensando mais palavras, pois o gesto fala por si, tão carregado de energia positiva e de força. Um beijo e que eu tenha conseguido traduzir a sensação vivida.
Vera Helena, sempre viva. 14/03/2012.

sábado, 10 de março de 2012

Entre o tudo e o nada - Por muitas vezes, um certo marasmo se instala, como que se pedindo algo novo e desafiador nos dias que seguem com rapidez vertiginosa. No caso da minha mãe querida, essa impressão gestada em mim, talvez derive da ausência de aceitação em nada realizar para conter o impossível. Momentos de tristeza e impotência diante dos olhares distantes e sombrios e da saudade de tempos idos. Registro este estado e sensação no sentido de compartilhar vazios instalados em mim, dos quais preciso aceitar e dar conta.
Beijos da Vera Helena, sempre viva. 10/03/2012

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Portador doente: riscos e aprendizado - O problema da hipertensão na minha mãe continua. E com ele, os riscos que tal sintoma predispõe. Procedimentos corretos e coerentes com as instruções médicas, seguidos dos cuidados de todos os que promovem qualidade de vida para ela, têm sido realizados. O calor tem sido intenso, clamando por hidratação contínua, com ingestão de líquidos incessantemente. E para isso, nossa criatividade tem sido testada a todo momento, pois ingerir água há tempos não consta das predileções e necessidades da minha mãe, que sabemos no processo do envelhecimento diminui bastante.Contudo, temos que dar o devido peso e valor diante do que vivenciamos. Temos que agir com responsabilidade, sem valorizarmos excessivamente o fato, deixando nos abater e silenciar sobre as possibilidades que dispomos. A vida segue e demonstra a sua essência. Então, é preciso que prossigamos naquilo que possúímos e surte efeito e nos estimula  a realizar com minha mãe. Exemplo disso: cantar as músicas que ela aprecia, ler textos curtos extraídos do material que dispomos, rezar as orações que ela profere dia a dia e conversar sobre o que considera bonito e atraente, como passear pelos espaços e comentar sobre o jardim e as flores que o adorna.Também, relatarmos sobre os fatos de um tempo presente na memória dela, que escuta com muita atenção e alegria. Entendo que diante do que temos, podemos e devemos nos apegar àquilo que dá sentido e dinamismo à nossa vida, sempre vida, dentro das limitações que a mesma nos apresenta. Saudações carinhosas da Vera Helena. 27.02.2012.  

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

A queixa do portador de Alzheimer: escuta atenta! - Há quase uma semana minha mãe vem enfrentando uma crise de hipertensão, que nunca havia sentido no decorrer da sua vida. Medidas e procedimentos têm sido tomados e novamente me deparo com uma situação inédita, da qual busco compreender para colaborar no processo. Inclusive, de controlar a minha ansiedade, na intenção de prover e me fazer presente, dentre outras realizações voltadas para minha mãe amada. Não obstante, como já afirmei, há um fluxo natural da vida que acontece na sua plenitude do qual atuamos como observadores. Frente à esta irrerversibilidade, o auto controle e a aceitação precisam ser vivenciados para o benefício de todos os que integram o universo da minha mãe. Nesse contexto, ouvir o portador também é medida de cuidados para encaminhamentos mais precisos. Insisto nisto, porque ainda que com um vocabulário cada dia mais reduzido, minha mãe sugeriu pistas sobre os seus sintomas, já que o alerta dela sobre a dor de cabeça sempre esteve e se faz presente. Fato este que, levado em consideração, colaborou muito para que buscássemos os meios rumo a um fim único: diagnosticar e promover melhorias possíveis na saúde da minha mãe! Então, que a voz do portador seja sempre valorizada, com ou sem comprometimento! Despeço-me deixando um abraço caloroso e a minha gratidão terna para aqueles que caminham no mesmo trajeto que eu... Vera Helena, sempre viva. 23/02/2012 - Meu neto completa 12 anos de vida hoje: bálsamo e força para que a vida sempre seja celebrada!

terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Portador doente: diferentes reações -Na semana passada, minha mãe apresentou um quadro de pressão arterial elevada, referindo o tempo todo de dor de cabeça.Que persiste até hoje. Interessante notar o meu comportamento diante da situação.Prevenir e precaver dentro do possível  foram e têm sido as  minhas ações. Intensificadas neste caso por ter sido a primeira vez que minha mãe passou por ele.Permanecer com ela em diferentes horários, indagar sobre a pressão arterial  aferida a cada hora,  verificar sobre os benefícios do convenio médico em situação de emergência, somaram-se nas atitudes realizadas sistematicamente. Além disso, mantive contato telefônico acerca do estado dela. Até que a diretora do lugar me alertou sobre a " excessiva proteção", que dispensei nesse cenário. Que faz parte do meu jeito de ser com as pessoas que convivo direta e/ ou indiretamente.Ponderei sobre o alerta, discriminei o que me pertencia e percebi, ao lado de um fazer intenso,  o quanto sofro num momento como esse.Penso que eu me revesti de uma prepotência e poder que não possuo e detenho. Hoje, busco pela calma e controle diante de um fluxo que segue independentemente de eu domar ou não o curso do rio da vida da minha mãe. Ligada sempre, limitada por forças maiores também... Beijos e até sempre! Vera Helena, sempre viva. 21/02/2012.

domingo, 12 de fevereiro de 2012

Memória e memórias possíveis no Alzheimer - Diante do inexorável, fazer uso da criatividade é imperativo para manter atividades básicas do portador de Alzheimer. Nesse caso em específico, abordo sobre o ato de falar, porque mantê-lo significa garantia de outras ações subsequentes, necessárias também para uma vida sem sofrimento e privações além dos que já se instalaram.Como artíficio, faço uso das recordações registradas e colhidas tempos atrás. Refiro-me aos assuntos variados que compuseram a existência da minha mãe querida. Exemplos: relatos sobre sua cidade natal, abarcando a arquitetura ( moradia, igrejas, cinemas, escolas, praças, cemitério, etc...) com os seus personagens, cenários e histórias. Hoje, em meio ao silencio que se apossa do cotidiano da minha mãe, consigo sinais de  diálogo quando conversamos sobre os seus pais, irmãos ( todos já falecidos), músicas e anedotas vindas da memória possível da minha mãe. Inclusive, com lembranças das realizações desses familiares, proferidas e impressas, que hoje me aproprio para o nosso prosear, que pode ser mais estendido, curto, instigante e reconhecidamente salutar. A cada 5 minutos, retomo as mesmas lembranças, que para ela, despontam como novidade. Ao me retirar do lugar e me despedir dela, sinto-me aliviada e feliz por termos conseguido manter viva a habilidade de recordar e viver instantes de vida possível. Com carinho.Vera Helena, sempre viva. 12/02/2012.

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2012

A institucionalização do portador de Alzheimer: extensão dos cuidados dos responsáveis - Fico inquieta e pensativa quando assisto a reação de alívio por parte dos familiares quando no ato da institucionalização do portador. Tal observação, de ordem pessoal, resulta do meu percurso enquanto cuidadora da minha mãe querida. Que no tempo possível, permaneceu no seu domicílio. Institucionalizá-la foi o último recurso  diante de motivos derivados da dinâmica e possibilidades que dispúnhamos. Essa atitude é decorrente de questões e necessidades de cada família. Não obstante, o ato de cuidar deve e precisa se estender por motivos diversos, ainda que num novo contexto e relação. Insisto sobre isso, porque o portador necessita da presença daqueles que lhe são familiares, independentemente do local em que vive. E na medida em que os estágios da patologia evoluem, manter os vínculos possíveis é vital para os envolvidos na situação, sobremaneira para o portador, cada dia mais frágil e vulnerável. Nos últimos dias, minha mãe encontra-se num quadro viral, no qual a minha presença tem colaborado junto às outras pessoas que dispensam os cuidados necessários para ela. Sentir minha presença ao seu lado, dentre outras investidas, proporciona mais segurança e tranquilidade para ela. Então, me certifico que, na medida do possível, vale a pena  a proximidade que menciono nesse recorte. Agradeço o espaço, que mais uma vez compartilho com vocês. Beijos. Vera Helena, sempre viva. 09/02/2012.

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Alzheimer: curiosidade e inquietações compartilhadas- Via de regra, sabemos que a perda da memória recente aliada a outros sintomas frequentes, com exames comprobatórios, sinalizam para a patologia do Alzheimer. Me atendo a esta questão da memória recente e as subsequentes perdas, observo que, no caso da minha mãe, o que lhe resta refere-se às lembranças e evocações da sua vida de menina, da jovem professora e do seu percurso profissional relacionado a esta época. Que numa outra publicação registrarei sobre a minha conduta acerca deste tempo vivo para ela e as ações que realizo. Retomando o foco, acrescento que as melodias que compõem o repertório da minha mãe, também são do período que mencionei, das quais entoamos sempre. No entanto, uma música, embora com a letra não mais lembrada em sua intereza, continua presente na sua memória até hoje. O nome dela, é "O bêbado e o equilibrista", que nos últimos 20-25 anos de existência da minha mãe, sempre era entoada, ora a pedido dela, noutras, como uma forma de prestigiá-la. Na sua festa de 80 anos, é ainda viva a lembrança dela dançando sozinha no meio da roda que fizemos, para assisti-la com seu vestido longo ( a única da festa ) a vibrar entusiasmada.O que me intriga, é que, se eu cantar esta música, ela me acompanha perfeitamente, com sua voz baixa,  às vezes, quase inaudível, mas com desejo e vontade!
Esta vivacidade, contrasta com o que vimos que para mim e os que a escutam se torna em mais um momento de alento, singeleza e amor. Um beijo para cada um de vocês e grata pela escuta. Com carinho. Vera Helena. 08/02/2012.
O ato de cuidar: presença atenta, intervenções imediatas - Todos os domingos, eu e minha mãe assistimos a missa juntas, o que para mim já se tornou um hábito do qual, quando impossibilitada, me ressinto muito, porque a energia e alegria que vivencio são expressivamente positivas! Neste domingo, dia 05, percebi que minha mãe estava inquieta, alegando frio e a limpar o canto dos olhos e do nariz com frequencia. Terminada a missa, ficamos "tomando a fresca", aproveitando a brisa recompensadora do final de dias particularmente muito quentes. E ela sempre aprecia este momento. Naquele dia, ela estava muito cansada e falando ainda mais baixo do que já vem acontecendo. Solicitei à responsável pela enfermaria que medisse a temperatura da minha mãe, que resultou num quadro febril. Procedimentos adequados foram tomados, roupas ainda mais leves e frescas foram trocadas, seguida de uma hidratação mais intensa, além de um olhar mais cuidadoso consistiram nas atitudes realizadas, incluindo-se mais vigília no decorrer da noite. No dia seguinte, o quadro persistiu e a geriatra foi acionada, que constatou um quadro viral, com medicamentos para o mesmo. Observação e cuidados mais constantes têm ocorrido, pois sabemos que no idoso, o risco de uma pneumonia sempre existe. Sem mais, registro agora sobre mais um instante de aprendizado em mais um dia de desafio e crescimento. Aliás, possibilidade, aprendizado e crescimento constituem-se num tripé vivo da nossa vida. Sem mais, desejo paz e bem a quem me enxergar. Vera Helena, sempre viva. 08/02/2012.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

Memória afetiva: vínculo se desfazendo ... Além do silencio, o olhar distante e impenetrável têm sido muito constantes nas reações -ligações(?) cotidianas da minha mãe. Com frequencia tenho percebido que ela não me reconhece nem de imediato, nem posteriormente. Apenas sente que minha presença lhe é familiar. Na hora que tomo a sua benção sempre chamando-a de mãe, ela responde com o Deus te abençoe, não mais dirigido à filha. O ato é mecânico, refletindo fixação correta das palavras a serem proferidas. Contudo, sem a emoção esperada. Percebo que há afeto, agora para uma amiga, pois é assim que ela me aponta e vê. No momento que a situação ocorre, consigo permanecer normal e continuo nossa conversa. Depois, manifesto minha tristeza e não impeço que a emoção se apodere de mim. Agora é a hora de juntar e somar forças, ainda que como mosaico e insistir naquilo que é possível executar. Sempre há caminho, enquanto há sinais de vida. Deixo um beijo e a minha gratidão pelo espaço concedido. Até sempre! Vera Helena, sempre viva.04/02/2012. 

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Sintomas do Alzheimer- engessamento do cuidador - Dentre os sintomas do Alzheimer, a perda da memória recente, caracteriza-se como um dos mais frequentes. Como tal, requer uma dose excessiva de paciência por parte dos cuidadores, porque nas suas  reações são submetidos à mesma pergunta uma série de vezes no mesmo dia. Da parte do portador, geralmente o raciocínio segue o seu curso como se ele estivesse normal, pois não tem consciência desta perda. Deixando mais claro, cito um exemplo ocorrido com minha mãe. Cada vez que mencionamos a necessidade dela tomar banho e lavar a cabeça, ela insiste que não precisa porque tomou banho "ontem", que para ela faz sentido. Na contrapartida, este banho precisa ser efetuado. Administrar esse desafio requer muito jogo de cintura e criatividade, juntamente com a necessidade de não se levar nada para o lado pessoal. Falo isso, porque com esta negativa, podem ocorrer atitudes agressivas por parte do portador, sejam elas verbais (com o uso de palavras nunca proferidas) ou através de investidas físicas sobre o cuidador.No caso da última reação, é preciso interromper esse ciclo e depois persistir no objetivo.Sobre isto, eu tenho notado que, em alguns dias a cuidadora se fragiliza e não realiza a atividade a ser feita, alegando estar chocada com o comportamento da minha mãe. Creio que com esta breve esplanação, podemos verificar o quanto é importante o cuidador estar fortalecido para o enfrentamento de situações como esta. Operacionalizar a tolerância, o diálogo, a escuta e a insistência de que a atividade precisa ser desenvolvida, impõe também  paciência excessiva àqueles que se relacionam e de certa forma  dirigem (?) cotidianamente os cuidadores.Inclusive, para avaliarem se de fato este cuidador possui um perfil compatível às exigências específicas requeridas para a lida diária com o portador de Alzheimer. Desafios que nos abatem, fortalecem e  promovem reflexões com muitas perguntas e poucas respostas. Diante disso, fico extremamente preocupada com a formação desses indivíduos essenciais aos cuidados de portadores de Alzheimer, num país como o nosso em que o envelhecimento se intensifica, sem uma estrutura pública ou particular preparada para esta demanda. Fotografia muito triste ... Beijos meus. Vera Helena, sempre viva. 01/02/2012.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

18-10-2011-OBSERVAÇÕES SOBRE O COMPORTAMENTO DA MINHA MÃE NO MEU ANIVERSÁRIO - Sempre procuro considerar sobre as situações vividas e delas extrair lições positivas, no sentido de prosseguir na e para a vida possível, mas sempre vida! Por isso, insisto muito sobre o desconhecimento que existe sobre Alzheimer e como muitas vezes algumas atitudes tomadas pelos responsáveis são vistas com desconfiança, suscitanto julgamentos precipitados derivados da ignorância reinante sobre esta patologia em especial. Os julgamentos que me refiro na maioria das vezes não podem ser considerados ofensivos, porque trazem consigo uma carga emocional carregada de boas intenções. Por isso, é fundamental que, a pessoa que assume o comando e responsabilidade direta sobre o portador, tenha clareza disso, a fim de não desgastar-se com situações de confronto que efetivamente não merecem a energia dispendida, muito menos discussões e rompimentos definitivos ou não.
Nesse cenário, o mais correto, é verificar o que pode ser feito pelo bem estar do portador e seus cuidadores mais próximos. Então, no caso da minha mãe e das reações que ela apresentou, meu irmáo e eu decidimos que o melhor para ela, é ser visitada no local onde passa a maior parte do tempo. Nele, conversar com ela, desenvolver as atividades condizentes à realidade, passear pelos jardins floridos, apreciar as flores e plantas, prosear com as pessoas que cruzarmos e ao nos recolhermos, poderemos cantar as músicas que ela gosta de ouvir, ler trechos curtos dos livros lá deixados, manusear as  fotografias, contarmos os velhos e sempre novos "causos" engraçados, que fazem-na sorrir gostosamente. E se pedir para se deitar, acomodaremos nossa querida da melhor maneira possível. Assim, desfrutaremos de momentos infinitamente felizes dentro do que temos e podemos desenvolver. Amém...Beijo no coração da Vera Helena, sempre viva.
                          

17-10-2011 - SOBRE O MEU ANIVERSÁRIO COM MINHA MÃE -  No dia 08 de outubro, eu completei 60 anos de vida! Reuni familiares próximos e distantes, num local tranquilo e de forma simples celebramos a data. Minha mãe esteve presente e sobre o comportamento dela, pontuo que vale sinalizar alguns pontos, no sentido de gerar reflexões por parte dos meus leitores, quando vivenciada situação similar. Ações: assustada, ao chegar, denunciando um semblante de pânico, por não ter domínio algum do lugar que se encontrava. Passado algum tempo ( 40 minutos ), a sensação que deixava transparecer era de distancia, aparentando calma aos que dela se aproximavam. Depois, irritou-se com as pessoas que indagavam dela se os conhecia. Como a reação era de desconhecimento, a irritação teve sentido. Pedimos às pessoas que evitassem esse tipo de diálogo e decidimos passear com ela, para que explorasse o lugar, com jardim, flores, lagos, crianças e plantas que ela aprecia muito. Em seguida, outra ação se manifestou: o desejo incessante de retirar-se dali, porque era tarde, ela precisava ir para a casa, podia chover e etc... A insistência foi tanta, que antecipamos os parabéns a fim de que ela se retirasse para se acalmar. Assim foi feito e assistimos a sua despedida com ares de cansaço e baixa tolerância para ali. permanecer.
Esse comportamento da minha mãe, levou - nos a refletir sobre a sua presença em eventos dessa ordem, essencialmente meu irmão e eu, os responsáveis diretos pela sua integridade física e emocional. E sobre as resoluções tomadas, breve compartilharei com os vocês. Saudações carinhosas da Vera Helena, sempre viva.
ANIVERSÁRIO DA MINHA MÃE :  festa no novo lugar!

No dia 21 de setembro de 2011 minha mãe completou 88 anos de existência. Que a cada instante que abordávamos esse assunto, ela dizia que ainda ia demorar, pois como sabemos ela há muito perdeu a noção de tempo. Curioso que ela dizia : calma, o meu aniversário é em setembro, ainda falta muito para chegar lá!! Ou então : nossa, estou ficando velha, denotando com isso que possui algumas referências sobre a idade e tempo dela!
Decidi indagar dela, qual o bolo que desejava para tomar com café neste dia. Pensei logo no de fubá, um dos seus prediletos. Qual não foi a surpresa, quando informou que queria um bolo de chocolate, recheado e coberto com brigadeiro. E assim foi feito!
Na hora do lanche coletivo, ficamos no aguardo de sermos chamadas e no momento exato, nos dirigimos ao salão, enfeitado especialmente para ela! Uma música suave tocava no fundo e lentamente nos encaminhamos ao lugar de destaque, ou seja, na frente do bolo. Velas assopradas, parabéns para a Antonia, trovas recitadas por uma trovadora que lá reside, fotos - registros de instantes de muita alegria, sinalizando para um ambiente repleto de emoções diversas, perpassadas daquilo que posso chamar de sabedoria que só as idosas daquele lugar possuiam e demonstraram naturalmente. Depois, abrimos os presentes ganhos das netas Mariana e Clarissa, amigas Cláudia, Regiane, cuidadora Nilva e outros mimos mais. Atônita e atenta, minha mãe desfrutou de algumas horas nas quais teve desviados os seus focos de preocupação : voltar para casa, rever a turma, avisar os seus sobre o seu atraso e demora! Finalizamos o evento quando assistimos juntas a missa da qual participa cotidianamente às 17 horas. Comungamos e eu rendi graças a tudo e todos pelo privilégio de vivenciar mais um ano de vida ao lado da minha mãe querida! Saudações da Vera Helena, sempre viva.
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Uma vez, mãe sempre mãe e as surpresas de cada dia - nos nossos encontros cotidianos, algo chama muito a atenção. No caso, todas as vezes que me despeço da minha mãe, ouço infalivelmente as seguintes palavras em tom de ordem: Volta logo, viu! Isso me surpreende porque nunca ela deixou de manifestar tal comanda, tal e qual fazia nos meus tempos de menina e adolescente. Como vêem, há situações que atualizam minhas lembranças e perpetuam maneiras de ser e viver. Boas lembranças... Beijos da Vera Helena, sempre viva. 31/01/2012.

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

Cuidadores: Sutilezas e percepções  - no dia a dia das relações entre os cuidadores (as), portador da patologia e familiares, destaco que os papéis e funções de cada um devem e precisam ser claramente definidos e respeitados. Oscilações de temperamento e reações diferentes nas mesmas situações, dentre outros constituem-se em comportamentos previsíveis em todos os envolvidos, que ocorrem com frequência. Administrar as emoções e suas consequências é tarefa primordial para que os objetivos sejam suficientemente atingidos. Num espaço democrático, ouvir, falar, ponderar e aceitar as limitações de cada um é fundamental, desde que se perceba perfil e boa vontade para seguir as normas da instituição e da pessoa que responde pelo portador. No caso da minha mãe, esta pessoa, também cuidadora, sou eu. Que procuro me despir ( também com minhas limitações) de questões pessoais, para que minha mãe seja a beneficiada.Confesso que não é fácil, mas não impossível. Reter e valorizar o que cada cuidadora possui de positivo nas suas características, tem me dado boas respostas. Insistir e ensinar aquilo que falta a cada uma, é caminho árduo, mas possível com uma dose grande de respeito e presença, atenta e gentil. Não há receitas, apenas sinais que me trazem soluções e frustações, que me incitam a continuar um pouquinho a cada dia, pois imaginar que possuo estoque de otimismo armazenado, é utopia! Entretanto, afirmo que no outro dia, o que era treva  resplandece nem sempre com sol do meio dia, mas isso já basta. Beijos e até. Vera Helena, sempre viva. 30/01/2012

sábado, 28 de janeiro de 2012

O bolo: instantes de luz!- Como sempre faço, todo final de semana eu levo um bolo para minha mãe e cuidadoras para a hora do chá. Normalmente o de fubá, um dos prediletos dela. Sei que ela não tem mais paladar, decorrente do Alzheimer, mas procuro atender à memória afetiva e as lembranças que este bolo desperta em forma de relatos que reavivo constantemente. Ela escuta com atenção e silencio prazerosos.Sobre isto, comuniquei à cuidadora que era para a hora do chá noturno enquanto minha mãe ouvia e cantava músicas do tempo dela num aparelho de som que temos no quarto dela. O espaço que ela habita é reduzido mas existe uma separação dos cômodos. Eis que ela me chama e me diz: eu quero um pedaço de bolo! Não pude me conter e dizer -lhe que a sua audição era primorosa! Ela  esboço um sorriso lindo e sereno como há tempos não o fazia, transformando este momento num instante raro de luz e encanto. Um sorriso não custa nada, mas sem dúvida gera forças para o decorrer do processo que vivemos, já que deixei-a levando comigo a recordação luminosa e fugaz que tivemos. Beijos meus. Vera Helena, sempre viva. 28/01/2012.

sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Limitações virtuais: sugestões de contato por agora - Aproveito o espaço para discorrer sobre o evento que me impulsionou a montar este blog. Assisti a um filme no qual uma das atrizes experimentou todas as receitas de um livro de receitas, cuja autora ela nutria admiração pessoal e profissional. Percebi o quanto foi benéfico para ela, na medida em que esta ação promoveu relações que a desafiavam muito.A novidade fazia com que ela se organizasse em diferentes sentidos e momentos, gerando aprendizado e crescimento graduais, com responsabilidade e prazer visíveis, decorrentes das trocas fecundas que vivenciava com os seus seguidores. Inspirei-me nela, investi nas minhas aulas de montagem de blog (um ilustre desconhecido na minha vida) e com minha professora, me enverderei nesse caminho, muito estimulada a atingir os meus ( agora nossos) objetivos. No momento, não sei como responder aos comentários e mais uma aula foi marcada para este novo passo. Coloco-me à disposição para dialogar com meus queridos parceiros, por intermédio do meu e-mail: vhzaitune@directnet.com.br,até aprender sobre como responder no blog. Para mim, a relação com as novas (?) tecnologias, consiste num desafio literal, pois sempre manifestei muita resistência a elas. Vencida a mesma, aprendo e vou em frente sempre na proposta de conversar sobre minha mãe com vocês. Beijos da Vera Helena, sempre viva. 27/01/2012

quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Manifestações últimas- o silencio prossegue marcado por algumas características das quais não me arrisco dizer que todos os dias se repetem, pois como tenho percebido, prognósticos muito fechados, podem nos trazer surpresas, que muitas vezes angustiam o portador. Cautela sempre! Por exemplo: no caso da minha mãe, sinto que não são mais todos os dias que ela me reconhece como filha. Há sempre muita gentileza da parte dela em me cumprimentar e sorrir ( educada, como ela sempre foi ), mas infelizmente( não sei se estou preparada) este processo deve se acentuar até que um dia ela não me reconheça mais em definitivo.Sinalizo que ultimamente ela tem demonstrado angústia, traduzida em irritação e desconforto, quando solicitada a lembranças que não existem mais nos seus arquivos mentais. Por outro lado, se não povocarmos a conversa, ela permanece em silencio. Procedimentos tomados: vamos cantar mãezinha, ou Dona Antonia? ( no caso das cuidadoras). Riscos desta atitude: ouvir um sim, ou negativa em tom irritadiço ou cordato.Mas é preciso estimular o ato da fala, porque sinais faciais desta perda já se manifestam e instalam, deixando o rosto dela mais caído e flácido. Medidas: prosseguir nos estímulos preparados para diferentes reações, sem se abater em nível pessoal, pois o foco é ela! Neste caminho, orientar as cuidadoras sobre estas reações é essencial para que não se abatam além do que esta relação estéril aflora " naturalmente". Beijos e até sempre. Vera Helena, sempre viva. 26/01/2012.