Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A generosidade no espelho.

A generosidade no espelho - Depois de trocada a sonda da minha mãe, a sua aparência mudou. Seu rosto já não denuncia um quadro de mal estar e desconforto. Interessante notar que, com um semblante mais  "normal" ficou mais fácil olhar para ela. Já não há tanta diferença para ser vista como sofrimento!
Teço essas observações de acordo com as afirmações que as senhoras do local onde minha mãe reside têm demonstrado. Verifico também mais leveza na aproximação e convívio diários! Verbalizam que era difícil pra elas assistir minha mãe com a sonda no nariz. Algumas delas referem-se à experiências pessoais semelhantes, na maioria das vezes bem dolorosas! Nesse contexto, percebo que assistir o quadro da minha mãe provoca nessas senhoras a possibilidade de tal procedimento acontecer com elas. E isso faz repulsa e compaixão simultaneamente! Instantes de reflexão sobre um cotidiano que deve e precisa ser reinventado e colorido para amenizar as telas descoradas da vida nossa de cada dia! Beijos no coração dos que se dispõem a me seguir. Vera Helena, sempre viva! 19/06/14.

domingo, 8 de junho de 2014

Mais, menos e mais ou menos.

Mais, menos e mais ou menos - Na evolução do quadro da doença da minha mãe, me vejo em situações extremas e noutras nem tanto, mas sempre muito desafiadoras! Muito atenta às  possibilidades que cada dia e momento me proporcionam, busco vislumbrar caminhos em que eu possa caminhar. Há dias em que me vejo sem parâmetros e sustentar esse vazio gera em mim muito desconforto! Em paralelo, eu me asseguro que, por diferentes e reais motivos, cada pessoa assume o rumo da sua vida e via de regra quando a doença se apresenta por um período longo, o que era novidade se transforma em algo comum, ou seja, como parte integrante de um cotidiano frenético e voraz. Diante disso se intensifica a minha individualidade, que somada à minha leiguice, me desgasta ainda mais. E, entre nuvens claras, acinzentadas e muito escuras eu faço as escolhas possíveis.Num universo de cuidadoras, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogas e outros componentes dessa estrutura de uma micro empresa, me contorço e torço por atitudes e decisões assertivas. Um exemplo que ilustra essa reflexão refere-se à tosse da minha mãe, ora mais seca e noutras mais solta se arrastando por vários dias, quase há 1 mês. Com a troca da sonda naso pela gastro a mesma persistiu até hoje.Várias hipóteses sobre ela : irritação do local onde a antiga sonda se encontrava, "memória" desse local ainda presente, uma gripe se alojando, algo mais severo se instalando, excesso de zelo da minha parte? Cadê as palavras tão bem proferidas pela minha mãe sem o impeditivo da antiga sonda? O tempo de desfrutá-las e apreciá-las foi curto demais!Onde a melhora da qualidade da vida já tão comprometida da minha mãe? Recorro aos profissionais da equipe de apoio terapêutico para melhor compreender essas reações sem perder a noção da complexidade do caso que a cada dia se agrava mais. Entretanto, me vejo invadida por sensações de insegurança e desalento. Nas sombras das certezas e incertezas, apego e desapego, preciso ter comigo uma verdade a ser seguida: NÃO POSSO BRINCAR DE DEUS! A mim, me cabe realizar o que se encontra dentro da realidade, sem deter o curso natural da doença. Na busca de chão para meus pés, com tudo e com nada, eu manuseio a minha agenda que, com alegria e fé organizo e celebro a vida nos seus diferentes matizes e cores. Agradeço a escuta e espero ter conseguido me levar a cada um de vocês, meus fiéis seguidores. Vera Helena, sempre viva. 08/06/14