Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Flor de Aço.

A cada dia que passa, percebo a fortaleza que minha mãe tem representado no seu trajeto de vida! Deixamos o hospital há 11 dias! Quando ela foi internada tendo lá permanecido por 37 dias, no quadro apresentado, a pneumonia era a maior preocupação, estabilizada depois de algum tempo. A recuperação da minha mãe surpreendeu a todos, principalmente o médico que a assistia, pois os prognósticos eram desanimadores. Relevante mencionar que até o momento da internação da minha mãe, nós dispúnhamos de serviços de home care. Alguns, como a fisioterapia, fonoaudiologia, e nutrição existiam há quase um ano e meio antes deste evento. Os serviços mais atuais compunham-se de um cilindro de oxigênio, o aspirador (extremamente necessário para aliviar a secreção frequente) e o mais recente deles, constituía-se na presença de uma auxiliar de enfermagem noturna. Somente na noite em que eu aguardava por esta profissional é que soube que a partir do momento que o paciente se ausenta por mais de 24 horas dos serviços de Pronto Socorro, esse trabalho torna-se inoperante! Um surpresa desagradável demais, num momento delicado e tenso! Alterações aconteceram para atender essa demanda! Busquei cuidadoras disponíveis para " cobrirem " o vazio deixado por essa medida demasiadamente injusta! E quando o médico que cuidava da minha mãe verificou que ela já tinha condições de retornar para o lugar que vive, a sensação de impotência e revolta aumentaram! Fomos informados que não dispúnhamos de serviço algum de home care! Tristeza e desolação diante do cenário inesperado! Retornamos para "casa" com força, boa vontade e coragem suficientes para recomeçarmos a nova etapa de um percurso no qual minha mãe, flor de aço querida me impulsiona a encarar e enfrentar tamanho vazio, oriundo da privatização da saúde nacional. Pavoroso assistir essas questões ligadas ao envelhecimento, num país que se orgulha de ter maior expectativa de vida e ao mesmo tempo nos mergulha na desesperança e dissabor! Grata pelo caminhante que caminha comigo. Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 28/11/2014.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estabilidade e Instabilidade.

A linha que passa pela estabilidade é a mesma da instabilidade. Em questão se segundos uma passeia no caminho da outra provocando movimentos adequados para cada situação. No caso da minha mãe, internada há mais de um mês, conforto e quadro estável constituem-se nas palavras chaves proferidas pelos profissionais da área da saúde envolvidos no seu cotidiano. Se por este lado podemos vislumbrar um caminho definido, ou seja, planejarmos a volta para o lugar onde minha mãe vive, por um outro nos vemos impedidas de realizar esse percurso porque estamos aprisionadas pelas exigências do convenio que assiste minha mãe. Com alta há 10 dias, num quadro de fragilidade intenso, portanto vulnerável a infecção hospitalar, nos vemos no aguardo do posicionamento dos entendidos em projetos e coberturas de convênios para sua cliente há mais de 30 anos. Inúmeras sugestões têm sido apresentadas, mas conversar com os responsáveis e definir possibilidades nesse tempo angustiante de espera, tem sido a posição definida por nós, os familiares. Meu cotidiano tem sido vivenciado nas dependências de um hospital, que protagoniza uma dinâmica intensa dentro da finalidade que se destina: dias de muita agitação, outros mais calmos, alguns com falta de funcionários, levando-nos a atuar como colaboradores para o que precisar dentro dos limites do permitido. Nesse sentido, nos deparamos com pessoas alegres, éticas, profissionais e comprometidas com o seu trabalho e função, assim como com outras pessoas mais amargas, insatisfeitas, a atuar com má vontade, levando-nos a perceber que não há diferença das relações que estabelecemos e assistimos no cotidiano dos lugares que frequentamos. Angustiada com essa indefinição busco celebrar cada instante vivido com a minha mãe nos quais sorrimos e nos ouvimos tentando compreender os sons emitidos sinalizando para palavras que nem sempre consigo compreender o significado. Quando isso acontece, faço carinho no seu rosto e canto as suas músicas prediletas e rezamos as orações conhecidas por nós. Como resposta, quase sempre obtenho um sorriso puro e inocente, um olhar singelo em meio a tantos outros que, pelo que percebemos, se direciona aos lugares que só minha mãe consegue pegar carona e viajar....Beijo no coração dos meus seguidores.13.11.14.