Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

segunda-feira, 19 de dezembro de 2011

Objetivo do trabalho com memória - Estimular ações de capacitação, reabilitação, promoção e preservação da memória e qualidade de vida do portador, no sentido de manter as relações do mesmo com um maior número possível instituições. Ou seja, com a família, cuidadores, amigos, vizinhança, grupos de trabalho, estudo, lazer, centros de espiritualidade e outros. Para mim, pelo tempo de trabalho e cuidados devotados com minha mãe até então, tenho certeza de que é preciso e possível manter a integração e interação do portador com o entorno sempre e incondicionalmente!
Objetivo das minhas produções: textos sobre Alzheimer.  Transmitir um pouco do caminho que já percorri nos cuidados com minha mãe, no sentido de socializar experiências, das quais espero trocar com outros caminhantes deste trajeto de amor, dor e muito aprendizado. 
Solicito a quem fizer uso dos meus textos, que citem o meu nome como autora dos mesmos.
Com carinho grande da Vera Helena.

Objetivo das Indicações e Referências - Trazer material sobre Alzheimer específico ou não a fim de que o contato, cuidados e conhecimentos do assunto promovam compreensão e  novas atitudes. A mudança se faz necessária no sentido de estabelecer uma nova rotina de trabalho sobre o portador, assim como para as pessoas direta e indiretamente ligadas a ele (a) sobretudo os familiares!. O processo de aceitação é desafiador e difícil, mas sempre possível, porque promove muito crescimento e aprendizado àqueles que abraçam esta causa!

sábado, 17 de dezembro de 2011

Objetivo dos registros dos Relatos do Cotidiano - O objetivo desta página, é trazer dados sobre o dia a dia da minha mãe, numa tentativa de expressar os sentimentos vindos das experiências vividas com ela no lugar que hoje se encontra institucionalizada. Também dividir com vocês, pedacinhos de tristeza e alegria conquistados através do enfrentamento dessa patologia cruel que passa a ser um pouco de todos os componentes familiares que se propõem a olhar para ela.
Minha mãe encontra-se numa fase diferente da patologia que possui. Mais calada e distante, como se estivesse se desligando de alguns contatos. Fico triste e neste momento, percebo que nenhuma teoria dá conta quando assistimos alguém tão próximo, tão longe de mim...
Essa constatação vem de encontro ao que muitos amigos e familiares têm notado quando no contato com ela. Então, me preparo para um outro tempo e outras experiências a serem vividas das quais compartilharei neste espaço.

terça-feira, 13 de dezembro de 2011

Cuidadores - Objetivo - Estabelecer um espaço de conversa sobre estes personagens até pouco tempo atrás desconhecidos no nosso meio: os cuidadores! Pessoas de extrema necessidade como elementos colaboradores na prestação de serviços ao portador e seus familiares.
13.12.2011 - O Silencio : a busca de alternativas para contato. O silencio tem sido muito frequente no quadro da minha mãe. Como em tudo o que diz respeito ao Alzheimer no Brasil é recente, há que se ter cautela com os comportamentos apresentados no portador. Refiro-me ao caso de esquecimento, pois muitas vezes o que imaginamos esquecido e deletado, reaparece, pregando peças nas pessoas do convívio.
Buscando meios de comunicação, recorri a letras de músicas que minha mãe aprecia. E foi uma tarde gostosa, porque ouvi a voz dela que há tempos quase que desaparecera. Entoamos canções do tempo dela e uma que ela gosta demais: a da formatura de professora primária! Revivi instantes de um passado atualizado e posso dizer que neste dia o objetivo e recurso valeram pela alegria estampada na fisionomia da minha mãe amada. Beijos e até sempre da Vera Helena, sempre viva.

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04.01.2012 - Natal: Alzheimer, ajustes e ternura.  Na festa do Natal de 2011 foi mais fácil viver esta data ao lado da minha mãe, pois o desafio maior aconteceu no ano passado, por ser o primeiro que não passamos juntas desde que me conheço por gente.O vazio e peso do novo foram mais intensos em 2010, até porque havia uma distancia mais clara a nos separar, já que minha mãe encontrava-se numa localidade bem próxima da cidade que resido, um atenuante entendido como uma cisão maior.Atualmente, na instituição que minha mãe reside, na qual frequento quase que diariamente, indaguei da responsável acerca do programação festiva. Também, sobre a participação dos familiares e amigos, ou seja da agenda toda. Soube que haveria uma ceia às 18 horas do dia 24 e que nela atuaríamos como parceiros colaboradores com as idosas do lugar. Assim ocorreu e confesso que, de acordo com as comandas efetuadas pela superiora, a cada ação realizada por nós ( minhas filhas e eu), certifiquei-me que para mim, acontecia alí o sentido do Natal; num clima de alegria, paz, beleza e ternura. Foi muito bom dividir e somar em meio àquelas senhoras arrumadas especialmente para o dia, felizes entre as delícias culinárias de diferentes sabores e texturas, sorvendo seus goles de refrigerante, estampando características das suas personalidades dentro do tempo de cada uma delas. Como sempre, aprendi muito e senti que minhas filhas também apreciaram a festa possível com a avó em mais um Natal da nossa família. A leveza que senti nessa vivência, é o que espero ter transmitido aos meus companheiros de percurso dessa patologia tão cruel e desconhecida a nos desafiar e convidar cotidianamente, cujo resultado assistimos entre ganhos e perdas, mas que valem a pena tentar! Beijos e até sempre! Vera, sempre viva Helena.

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Artimanhas do Alzheimer: a questão da coerência - Nesses dias últimos, as alterações de comportamento na minha mãe têm sido frequentes, principalmente na parte das lembranças diante das mesmas situações e perguntas. Ela tem recebido visitas de conhecidos e familiares. Que, demonstram reações diversas, especialmente aqueles que não a visitam por mais tempo.Choro, tristeza, elogios à beleza e aparência dela são as mais usuais.Entretanto, uma situação se repete: a constatação da coerência nas respostas que minha mãe verbaliza, mesmo que muito curtas. Nunca manifestou sinais de incoerência ou dúvidas, sobremaneira verbalizou palavras fora do contexto da conversa. Alguns exemplos: quando indagada sobre o nome de alguém que não se recorda, rapidamente diz: seu nome? O seu nome mesmo! Ou então, quando na mesma pergunta: Sei lá, quem disse que eu tenho que me lembrar de tudo?
Esse é um dos exemplos de uma situação constante, que prometo registrar as muitas outras que acontecem.
Saudações carinhosas da Vera Helena, sempre viva. 13/01/2012
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Minhas férias: o retorno e o medo de não ser reconhecida - Viajei com minha família: marido, filhos, genros, netos e amigos próximos durante uma semana. O descanso foi benéfico em todos os sentidos, proporcionando muita alegria e revigoramento das minhas forças e energias. A saudade da minha mãe se fez presente em todos os dias. E hoje, no retorno à "casa" dela, confesso que fiquei ansiosa e atemorizada pela possibilidade de não ser reconhecida. Encontrei-a serena que ao me ver indagou: chegou agora? Seu tom de voz prossegue cada dia mais baixo, mas na sua fisionomia percebi familiaridade e reconhecimento. Alegre e calma, relatei os mesmos casos de tempos idos, no qual todos os familiares já partidos encontravam-se vivos. Ela gargalhou comigo diante do velho sempre novo e juntas passamos instantes de alegria, dos quais sempre valem a pena pela pureza e ternura que despertam. Paz e bem. Vera Helena, sempre viva. 24/01/2012.

terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Objetivo e justificativa.

O objetivo desta página, é trazer dados sobre o dia a dia da minha mãe, numa tentativa de expressar os sentimentos vindos das experiências vividas com ela no lugar que hoje se encontra institucionalizada. Também dividir com vocês, pedacinhos de tristeza e alegria conquistados através do enfentamento dessa patologia cruel que passa a ser um pouco de todos os componentes familiares que se propõem a olhar para ela.
Minha mãe encontra-se numa fase diferente da patologia que possui. Mais calada e distante, como se estivesse se desligando de alguns contatos. Fico triste e neste momento, percebo que nenhuma teoria dá conta quando assistimos alguém tão próximo, tão longe de mim...
Essa constatação vem de encontro ao que muitos amigos e familiares têm notado quando no contato com ela. Então, me preparo para um outro tempo e outras experiências a serem vividas das quais compartilharei neste espaço.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

01.09.11- O SILENCIO SE INSTALANDO


Hoje percebi que o silêncio, o tom de voz mais baixo, a sensação de desligamento prossegue. O que permanece, é o sorriso e a surpresa expressados quando na minha chegada, sempre a indagar : chegou agora?
Sinto que é preciso força, calma e discernimento para o estágio que minha mãe se encaminha. Até eu escrevo pouco diante do novo vivenciado nesses últimos dias. Vigor? Busco e encontro o suficiente para um dia de cada vez. Até sempre da Vera Helena.

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13.09.11 - MISSA E IMPACIÊNCIA

Ontem, assisti a missa com minha mãe como faço todos os domingos. Ela mostrou-se mais impaciente com a incapacidade de manusear o folheto referente ao tema do dia. A todo instante, reclamava de não conseguir acompanhar o conteúdo escrito, o que me fez tomar uma atitude inédita até então. Recolhi o folheto alegando que estava incorreto, na medida em que não era o daquele dia, tendo o mesmo procedimento com o meu. Ela ficou mais tranquila, embora manifestasse a sua frustração ao perceber que não dominava tudo o que acontecia, irritando-se com isso. O que me chamou a atenção, foi o fato dela cantar quase todas as músicas que definitivamente não se encaixam no período da maior parte das lembranças possíveis evocadas por ela. No caso, ela tem verbalizado sobre a infancia e o seu entorno. A sua memória musical está alojada numa fase posterior, evidenciando com isso a descontinuidade dos circuitos neuronais que vão se perdendo e se mantendo.Não se respeita a mesma sequencia! Isso me deixou feliz, pois existe mais repertório a ser estimulado com atividades que ela ainda pode desenvolver. Na minha leiguice, afirmo insistentemente que a neurologia contitui-se na ciência do século XXI e que ela deve explicações a nós, os familiares dos portadores, a fim de oferecermos luz, voz e vida enquanto existir possibilidades!


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20.09.2011 REUNIÃO COM AS CUIDADORAS - motivo: novos comportamentos maternos.
  


De: Vera Helena
Para: Ana Cláudia, Nilva e Silvia.
Objetivo do nosso encontro: tomar conhecimento e conversar sobre o estágio da patologia da dona Antonia Caruso Rodrigues.
Estágio que ela se encontra: entre o segundo e terceiro estágio.
Comportamentos/ características e reações apresentadas: mais calada, silenciosa, impaciente, irritada, às vezes com a musculatura mais dura. Memória se alternando.
 Ainda há vida e precisamos estimular para ela viver bem!
Atividades/ Iniciativas que devem ser desenvolvidas – Sugestões:
·         Leitura – uso da lupa, ler textos com trechos curtos, mas insistir na leitura
·         Jogo de palavras – usar o material que tem disponível
·         Música – cantar, colocar C.D sempre
·         Leitura dos trabalhos de memórias – ela ainda se lembra das pessoas, ou dos lugares, da cidade
·         Caminhada comprometida: cuidado com as quedas!
·         Dúvidas/ Incertezas que tiverem: pedir ajuda para a Irmã Elisete ou as enfermeiras
·         Paciência/ Amor – não deixar de lutar um pouquinho a cada dia e sempre!
·         Solicitar esclarecimento de tudo o que tiverem dúvida quando a Vera disser ou escrever algo que não tenham entendido.
·          Sentir-se participante de uma equipe de cuidadoras da qual o José Eduardo e a Vera Helena valorizam e agradecem por todos os serviços prestados para a nossa mãe querida!



“Ninguém tem nada só para si, alguém tem o que tu procuras e alguém procura o que tu tens... COLABORA!!!( desconhecido)


Sucesso!

São José dos Campos, 17/09/11
                      
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20/10/11 - MAMÃE - DORES E DESAFIOS PARA O DIAGNÓSTICO - Há 07 dias atrás, minha mãe queixou-se de dores nas costas. Como permanece sentada a maior parte do tempo, pensei que fosse decorrente disso, aliado aos dias frios, que promove mais sensibilidade na região dolorida. Fizemos massagem com arnica gel, colocamos bolsa de água quente, a fisioterapêuta fez uso de aparelhos indicados para isso.  Ocorre que, depois essas dores se estenderam para locais variados: parte superior, inferior das costas, nos glúteos, coxas, pernas, nos quais realizamos procedimentos similares aos mencionados. Por várias vezes ela chorou, principalmente quando fazíamos o movimento de retirá-la da cadeira para dirigir-se ao banheiro, à cama, ao banho e outros espaços. E era um choro com sinais de dor! Outro sintoma surgiu: a vontade de fazer xixi várias vezes sem obter êxito na ação desejada. Pelo fato de frequentar cursos focados no envelhecimento, suspeitei de problemas relacionados à parte urinária. Fiz contato com a geriatra, solicitei um pedido de exame de urina e agilizei a parte burocrática para tal. Sugeri o mesmo em caráter de urgência, porque o semblante da minha mãe estampava dor e era preciso diaganosticar o que sentia. Passado um dia, vimos no resultado que uma infecção urinária provocou tais sintomas.Para aliviar a dor, uma injeção foi ministrada até que o resultado do segundo exame fique pronto. Tal injeção amenizou as dores, as queixas e aquela imagem de dor, de alguém pedindo colo, caminhos e soluções. Sobre o revelado no outro exame, nos falaremos brevemente.
Até agora, o que aprendi foi que devemos e precisamos ficar atentos aos reclames do portador, sem diminuir os cuidados e sensibilidade diante de um quadro de queixa. E essa escuta atenta e sensível decorre da atenção que o cuidador devota ao portador. A comunicação entre cuidador, familiares e  responsáveis dos lugares onde vive o portador, é fundamental para que o sucesso aconteça! Sobremaneira, que o cuidador possua noções elementares sobre cuidados voltados para o portador.
Por hoje, eu me despeço dos meus companheiros de percurso. Beijos e saudações carinhosas da Vera Helena, sempre viva.

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17.11 Sobre a nova fase - observações e comentários. Como havia mencionado, minha mãe encaminha-se para um tempo de mais silencio, no qual outros desafios despontam, no sentido de encontrarmos sinais de comunicação, a fim de que o diálogo se estabeleça e prossiga. No momento, tenho percebido, por tentativa, acertos e erros, que a melhor conduta é a de olhar, tocar o seu rosto, segurar as suas mãos e esperar que ela emita algum sinal de fala. Então, inicio a nossa conversa, sempre como resposta ao que ela verbaliza, num tom de voz mais baixo, solicitando muita atenção e cautela. Isto porque, notei que, quando me comporto como nos últimos meses, ela fica muito irritada, pois percebe que não se lembra mais de pessoa alguma, de objetos, cidades e fatos diversos que antes eram os pontos centrais dos nossos bate papos.Por isso, no momento tento buscar um novo jeito de nos comunicarmos.Ontem por exemplo, mostrei um porta retrato com foto da sua mãe e irmã. E indaguei sobre elas. Minha mãe reconheceu a própria mãe e não se lembrou da irmã.Fui dando algumas pistas sobre a irmã esquecida e devagarzinho ela recordou o nome e alguns fatos relativos a ela.Também cantei músicas do tempo dela, que ela correspondeu cantando junto, ainda que baixinho, mas cantou: isto é o mais importante e necessário porque o estímulo foi correspondido. O que indica que sempre há uma forma de contato, desde que se tenha criatividade e boa vontade por parte de todos os que convivem diretamente com o portador!

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

22/11/11 SILENCIO E NOVAS POSSIBILIDADES.Conforme mencionado, o silencio tem sido o sinal mais visível na minha mãe. Silencio nas palavras, nos gestos dando lugar a um desejo de deitar e dormir, sempre alegando sono e cansaço.
Mas, como digo sempre, eu insisto sobre outras janelas que podem e devem se abrir no processo degenerativo da doença da minha mãe amada. Então, com atenção e escuta sensível, percebi um brilho diferente e mais intenso no olhar dela. Entendi que esta é a forma que ela encontrou de se comunicar.Diante disso, o que fazer, como proceder para gerar comunicação possível? Decidi olhá-la também com a profundidade e amor que sou olhada, verificando que há tempos eu não olhava de forma tão vibrante como nos olhamos agora. E assim vamos nós, brincado de amar dentro do amor possível, mas amor gentil e verdadeiro. Saudações da Vera sempre viva.

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28/11/11 - O SILENCIO NAS RELAÇÕES: criar é preciso!Tenho observado que a cada dia, salvo algumas exceções,  minha mãe silencia gradativamente seguindo a literatura médica sobre Alzheimer e seus estágios. No dela, o silencio tem sido frequente, junto com um caminhar lento, dificultado pela rigidez dos músculos, solicitando dos cuidadores mais força e destreza, sobretudo mais cuidado no trato diário desde as funções mais simples até as mais complexas.
Também acredito nas substituições, sempre possíveis se tivermos boa vontade e critatividade!
Diante desse cenário, fiquei pensando numa outra maneira de comunicação com minha mãe querida. Particularmente no mes e comemorações que se aproximam, refleti sobre uma maneira de materializar o tempo de Natal com minha mãe e fazermos disso os votos de Feliz Natal. Principalmente os dela aos nossos amigos, parentes e amigas dela dos tempos sancarlenses...
Atitudes tomadas: busquei mensagem natalina que sei, ela gostaria de compartilhar. Digitei, pois minha mãe perdeu a habilidade de escrever... A professora aposentou lápis e cadernos... Mas era preciso que a marca da minha mãe fizesse parte da mensagem. Lembrei-me da alegria que sinto quando peço um beijo,  juntamente com o beijo da benção na minha chegada e partida. Deixei um espaço reservado no papel que redigi. Num momento oportuno, passei batom nos seus lábios, da cor que ela aprecia e pedi que beijasse o papel no lugar reservado para tal. Pronto: a mensagem saiu!Brevemente os nossos amigos e parentes receberão um beijo da minha mãe como presente-lembrança de FELIZES FESTAS! Até breve! Vera, sempre viva.

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

MEMÓRIA - Importância no trabalho com Alzheimer

Segundo Brandão( 2008), a formaçao das memórias é bastante complexa, porque deriva de muitas interações bioquímicas, que envolvem diversas áreas cerebrais. Afirma também que os acontecimentos e conhecimentos somente são mantidos e lembrados se forem perpassados pela emoção. Isso posto, entendemos que na realidade nos constituímos por aquilo que nos lembramos. Mediante essa constatação, podemos dizer que a memória é de suma importância no desenvolvimento humano, porque estabelece as conexões e vínculos de todos os indivíduos no decorrer da sua existencia.
Nessa direção, entendemos que a preservação da memória capacita os indivíduos a se manterem atualizados e ativos com suas lembranças, inclusive como elemento demarcador de participação efetiva nos grupos sociais que convive. Mas o que fazer quando esta capacidade demonstra sinais de declínio e cisões, mais exatamente quando deflagra o processo da doença de Alzheimer num indivíduo saudável?
Pontuo que, passado o impacto do diagnóstico, abarcando as negações e resistências inerentes, investir na memória do portador, é vital, urgente e muito útil num futuro próximo ou não. Como? A resposta consiste em potencializar um trabalho focado nas memórias e lembranças evocadas para e pelo portador e consequentemente para todos os cuidadores do entorno.
Sobre isso, posso dizer sem medo de errar que, realizar um trabalho desta ordem e natureza, gera resultados extremamente compensadores às partes envolvidas nessa questão.Então, vamos embarcar nessa viagem pelos meandros da memória? Sinalizo que transcreverei o processo efetuado com minha mãe, seguindo alguns roteiros, ou criando outros por motivos alheios à minha vontade, ou seja, adaptações necessárias decorrentes das alterações de comportamento dela. Breve, falaremos sobre isso, certo? Beijos para quem me escuta. Vera Helena, sempre viva.

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18-10-2011- Oficina de Memória- Método e Recursos. Sempre tive interesse por trabalhos relacionados com a memória. Na Puc de São Paulo, no ano de 2008, realizei um curso voltado para oficina de memória auto biográfica e nele, com as leituras recomendadas, aprendi o suficiente para desenvolver um trabalho focado nas memórias da minha mãe. No caso dela, os relatos que colhi levaram-me ao uso de caderno, lápis e só. Nessa direção, recorri a alguns assuntos dentro de um tema maior centrado nas lembranças de tempos idos. No caso: atividades lúdicas da infancia, como: música, desenho, brincadeiras, locais onde se realizavam e amigas.  As escolas que frequentou, bem como o corpo docente e as suas características, disciplinas lecionadas, merenda , dentre outras lembranças escolares. Acrescenta-se os tipos de lazer, como cinema, praças, largos, igrejas, amizades, paisagens, dentre outros assuntos relevantes.
Brevemente, trarei as produções que realizei com minha mãe. Inclusive, um texto relacionado às nossas visitas a um cemitério da cidade dela e as lembranças suscitadas. Beijos e grata. Vera Helena, sempre viva.
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 13- 12-2011 - Visita ao cemitério : lembranças e memória - Conforme mencionei anteriormente, alterações de rota surgem em qualquer projeto que idealizamos. No caso em questão, esclareço e insisto que quando realizamos esse tipo de trabalho, os resultados podem ou não ser positivos. Isso porque contamos com um fator decisivo: os lapsos da memória e as emoções que despertam, com reações imprevisíveis, que precisam ser consideradas essecialmente. Reminiscências provocam sorrisos, tristeza, busca dos amigos idos, dos lugares esquecidos, dentre outros.Cautela, respeito, adaptação a maneira do portador reagir e manifestar demandam atenção constante, ressaltando que o foco é o portador.
Essas teceduras são indispensáveis, para eu discorrer sobre o título deste texto. Muitos podem estranhar a decisão de visitar um cemitério dentro do resgate das lembranças da minha mãe. Esclareço que o desejo de visitar este lugar, partiu dela. Que nos momentos de lucidez plena, me pedia que a levasse ao cemitério para visitar o lugar onde marido e dois filhos se encontravam. Sempre que me propunha isso,eu tentava dissuadi-la da idéia, que nunca consegui. Nos primeiros instantes, a reação era de choro, saudade e lamentação. Depois, mergulhava numa outra realidade, na medida em que a dor se dissipava. Ela se distraía observando as lápides e comentando sobre as famílias, atrelados a outros enfoques, relembrando atributos, fatos vivenciados, local do trabalho, número de filhos e até fatos pitorescos sobre as pessoas daquele universo.Depois de um tempo, alegava cansaço e deixávamos o lugar. O que ficava notório era o fato que ao chegar em casa, ela se sentia mais disposta, alimentando-se bem, especialmente repousando melhor, o que me fez atender aos pedidos dela até  conseguir dominar o movimento da caminhada. Há 3 anos não fizemos mais este passeio, pela incapacidade de locomoção. Beijos e até. Vera Helena, sempre viva.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

CUIDADORES - Quem são esses personagens na vida de um idoso? De repente, não mais que de repente ouvimos a seguinte pergunta : Sabe onde posso encontrar um cuidador ( a ) para minha mãe, pai, tio, amigo, ou uma pessoa que me solicitou para um amigo que necessita?
Uma viagem se inicia em busca desse protagonista de muitas histórias vividas com aquele ser humano que passa a tomar conta, a cuidar. E para os leigos, o que significa CUIDAR? Afinal, o que faz um cuidador? Existe escola de cuidadores? Que tipo de formação eles tem que possuir para exercer esta função? É uma profissão regularizada, ou seja, ela existe em conformidade com as leis trabalhistas brasileiras? Onde encontrar? O que exigir na hora da conversa para contratá-lo? Um familiar ou um amigo pode ser cuidador? Existe limite de idade para ser cuidador? As perguntas e dúvidas são inúmeras, sem contar que muitas vezes a urgência de um cuidador diante de um quadro demencial, aumenta a ansiedade dos familiares e/ ou contratantes do cuidador.
Dentro do que percorri, me proponho compartilhar com os meus parceiros virtuais um pouco das vivências que passo com essa pessoa imprescindível no dia a dia de uma relação ou de relações destinadas ao cuidar. São José dos Campos, 29.09.2011.Paz e bem. Vera Helena.


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Legislação e Realidade

Quando percebemos que um idoso necessita de ajuda para pagar as suas contas, fazer compras, preparar suas refeições e depois para ir ao banheiro, locomover-se, banhar-se, vestir-se, alimentar-se e ministrar remédios, a presença de um cuidador é condição fundamental para a sua segurança e qualidade de vida.
De acordo com o art.229 da Constituição  Brasileira, os filhos maiores têm o dever de ajudar e amparar os pais na velhice, carência ou enfermidade.( YOSHITOME, 2003). De uma maneira geral, esse cuidado era delegado às mulheres, que com a sua participação no universo do trabalho, modificou essa estrutura, fazendo com que  a figura do cuidador nem sempre pertencesse mais ao universo familiar, círculo de amigos ou vizinhança. Falamos mesmo do cuidador formal, uma pessoa remunerada para o exercício dessa função.
Yoshiome( 2003) sinaliza para a o Ministério da Previdência e Assistência Social  que define o cuidador formal como uma pessoa com capacidade de ajudar o idoso em suas atividades de vida diária, promovendo uma interação entre o idoso, a família e os serviços de saúde ou da comunidade. É remunerado. Deve ter como perfil: ensino fundamental completo, ser maior de idade e possuir conhecimento adquirido por meio de uma entidade reconhecida.
Com a experiência que vivencio afirmo que, entre o que se preconiza legalmente e o que efetivamente acontece existe um vazio muito grande. População idosa aumentando, novos modelos e arranjos familiares  sendo organizados e constituídos, com valores e necessidades diferentes num país que não se preparou economica e educacionalmente para esse contingente de idosos, são alguns dos fatores que devem ser levados em conta quando focamos nossas atenção nesse personagem que é o cuidador de idosos. Mais exatamente: onde encontrar uma pessoa preenchida com as qualificações exigidas pela lei vigente?
Entretanto, nesse mesmo caminho que percorro posso afirmar que é possível encontrar cuidadores responsáveis e cumpridores das suas obrigações, ainda que sem possuirem tais qualificações logo na contratação inicial. E sobre esse assunto, me proponho a comentar no nosso próximo encontro. Saudações da Vera Helena. 1º/10/2011.


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Contratação de Cuidadores - algumas dicas.Sobre a contratação inicial de um cuidador ( a) algumas sugestões devem ser levadas em conta, tais como: fazer contato com essa pessoa por no mínimo umas duas vezes.Perguntas essenciais : Você gosta de idosos? Tem alguma noção do que seja Alzheimer?, são fundamentais.

Essas duas questões são suficientes para os encontros iniciais,que embora em número reduzido, nos permite coletar dados e verificarmos a possibilidade de prosseguirmos para a contratação, ou não. Com certeza, através de uma escuta atenta e sensível, perceberemos aptidões e objetivos desse cuidador, inclusive os motivos que o levaram a buscar esse tipo de serviço.Nesses encontros, recomenda-se que no mínimo dois contratantes estejam presentes, na medida em que a memória de duas pessoas colabora e acrescenta elementos para aquilo que se pleiteia.E do lado do cuidador, isso é positivo já que o mesmo estabelece contatos com mais responsáveis, permitindo-lhe uma visão dos contratantes. Sabemos que tudo isso, não significa garantia de êxito na contratação, mas é necessário que assim aconteça, num período aproximado de  uma hora, a fim de que as partes interessadas se olhem e avaliem, pois como mencionei, isso consiste no mínimo que deve ser realizado, quando agimos com responsabilidade.
Outro ponto que precisa ficar claro, refere-se às informaçãoes antecedentes a esses encontros. Falo das referências desse profissional, condição relevante no processo a ser iniciado.Afinal, esse cuidador, entrará no ambiente doméstico, ocupando um lugar de destaque na estrutura da casa. Então, é primordial que seja uma pessoa que se encaixe no perfil que todos precisam. Ou seja, alguns combinados já devem ter sido conversados, para que fique muito claro os espaços e o trânsito de cada elemento do domicílio.
No convívio, as respostas da perguntas iniciais vão sinalizando os acertos e os desacertos desse cuidador, que como tal, merece explicações sedimentadas no diálogo permanente, onde todos aprendem muito, já que sabemos da infinidade de sintomas que essa patologia apresenta, carecendo de muito esforço, boa vontade e um desejo intenso de aprender todos os dias! Talvez algum leitor interessado esteja indagando o motivo de ainda não ter trazido mais características de um cuidador. Fico cautelosa, porque é preciso muita calma, mesmo que a ansiedade e necessidade se façam prementes, mas de acordo com tudo o que vi e passei até hoje, entendo que devagar também é pressa e espero abordar sobre isso no nosso próximo bate papo. Saudações carinhosas da Vera Helena. Dia 04/10/11. Paz e bem

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COLABORAÇÃO DO CUIDADOR OU PREJUÍZO DO PORTADOR? Um dos apectos que devem e precisam ser reforçados com rigor e muita frequencia, é o respeito e incentivo à autonomia do portador. E tal conquista só pode ser efetivada e mantida com o incentivo do cuidador. Que por sua vez, necessita de orientações mais direcionadas sobre o cuidar com pacientes de Alzheimer permanentemente!Abordo sobre esta formação em decorrência de um evento que presenciei com minha mãe e sua cuidadora. Na hora do almoço, encontrei as duas no refeitório onde minha mãe reside. Qual não foi minha surpresa, assitir a cuidadora dando a refeição na boca da minha mãe! Esperei o momento oportuno para conversar e esclarecer a ela, que o ato da minha mãe alimentar-se sozinha é fundamental para estimular e manter esta autonomia, conservando  com isso esta habilidade motora, no caso a única que minha mãe realiza sozinha! Manter-se calmo nesta hora é de suma importância, sobretudo no momento da abordagem ao cuidador, que necessita de respeito e ética sempre! Os ajustes devem e precisam ser realizados, no dia e hora adequados, preferencialmente em particular.
Na conversa, a cuidadora alegou que para minha minha mãe,  o ato de alimentar-se devidamente, era o mais importante. Concordei com ela, mas sugeri algumas alterações de conduta. Combinamos então que minha mãe se alimentaria sozinha até alegar saciedade ou cansaço. E se a quantidade ingerida fosse insuficiente, daí ela colaboraria no ato de alimentá-la complementando com a quantidade suficiente.

terça-feira, 13 de setembro de 2011

13.09.11

Alzheimer : mudanças e caminhos

“Mas se tudo fosse como parecia nas minhas ilusões de menina, eu provavelmente passaria boa parte do meu tempo olhando pela janela, não para ver as árvores ou as nuvens, mas bocejando na prisão excessiva da coerência.” (Lya Luft)

A palavra mudança gera indagações diversas, porque pressupõe uma infinidade de caminhos e direções.
No caso a ser descrito, a mudança refere-se à vida da minha mãe e de todos os envolvidos direta e indiretamente com ela. Sobremaneira, com as alterações que a doença de Alzheimer estabelece. Essa patologia abrange estágios que, na sua evolução, requerem outras posturas daqueles que prestam cuidados.


terça-feira, 30 de agosto de 2011

ALGUMAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS SOBRE ALZHEIMER

O livro VOCÊ NÃO ESTÁ SOZINHO

Coordenadores : Vera Pedrosa Caovilla e Paulo Renato Canineu

Ela não sabe que eu sou sua filha, mas eu sei que ela é minha mãe.

Esse livro foi de grande ajuda quando minha mãe começou a apresentar alguns sintomas, que eu recomendo para pessoas que desejam saber sobre situações novas e desconhecidas com pessoas próximas. è um livro de fácil compreensão, linguagem simples e direta. Apresenta textos de diversos profissionais - autores, porque trata de assuntos variados, que podem atender à necessidades e expectativas diferentes, é pois uma obra de consulta diária, com foco multidisciplinar.

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INDICAÇÃO DE ALGUNS FILMES que abordam sobre Envelhecimento e Alzheimer.
Sugestão Pessoal - Sempre que buscamos assistir a um filme, são muitos os motivos que nos levam a esta busca. Um conselho : antes de comprar ou locar o filme, é bom que se leia o pequeno resumo que o mesmo traz numa das partes que o compõe (geralmente na parte de trás). Além disso, procurem outras pessoas que assistiram o filme e ouçam delas as opiniões acerca do que viram e sentiram. Principalmente aquelas pessoas que possuem algum tipo de afinidade e vínculos. Ainda que muito subjetivo, eu recomendo que tal procedimento seja realizado na medida em que este recurso deve atuar como elemento cooperador dentro do processo vivenciado pelos sujeitos que recorrem do mesmo. Saudações carinhosas da Vera Helena, sempre viva.
  • Anjo de Vidro
  • Clarice
  • Diário de uma Paixão
  • Família Savage
  • Iris
  • Linhas Cruzadas
  • Longe Dela
  • O Filho da Noiva.
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    Alzheimer - O outro lado. A visão do cuidador. Maria Júlia da Rocha Biondi.  Editora Phoenix, São Paulo, 2009. O livro é pequeno, contendo 83 páginas, apresenta linguagem simples, de leitura rápida. Aborda sobre o cotidiano de uma cuidadora de um familiar, que optou prestar seus cuidados no ambiente doméstico. No decorrer do mesmo, o leitor poderá verificar os aspectos positivos e negativos acarretados para quem, por motivos diversos, escolhe esse caminho. Recomendação pessoal: atentar para a parte em que uma psicóloga discorre sobre as consequencias ocasionadas a quem decide cuidar do seu portador em casa.1º/12/11. Vera Helena, sempre viva.