Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

segunda-feira, 26 de novembro de 2012

A Cadeira de Rodas: arranjos e cuidados - Naquele Natal, decidimos nos unir e colaborar para a compra da cadeira de rodas, instrumento evitado ao máximo, mas necessário a partir de então.
Passados alguns anos, mamãe não esboça mais reação adversa a sentar-se nela. Até porque hoje é o meio que utilizamos para levá-la aos locais que transita. No caso: refeitório, banheiro, sala das orações diárias, lugar onde assiste a missa diariamente e para os passeios no entorno do lugar que habita, destacadamente os jardins floridos ou não, que ela admira muito. Adereços foram introduzidos na cadeira, tais como: um encosto adaptado ao tamanho dela, com uma almofadinha semelhante a um ossinho, colocada para sustentação da cervical. Assim, conseguimos controlar o pescoço dela que pendia muito, inclusive nos momentos das refeições, correndo-se o risco dela engolir errado, gerar engasgo e todas as complicações derivadas dele. Depois, almofadamos no local onde ela coloca os braços e as pernas, a fim de evitar batidas e o surgimento de hematomas, muito frequentes devido à fina espessura da sua pele. Também, porque não tem mais controle sobre os seus membros, cabendo  a nós, cuidadores, ficarmos atentos aos movimentos e posições. A composição das cores novas na cadeira ficou singela e delicada, relacionada com as preferências que ela sempre defendeu. Hoje, quando olho para essa cadeira, visualizo toda uma história percorrida até a presente data. Nela, quem se assenta hoje é um pedacinho daquela mãe ativa que eu sempre tive, com seus caquinhos perdidos pelo tempo... E avisto também a beleza de um trajeto de força, vitalidade e valentia: características desta senhora amada que é a minha mãe! Beijos e gratidão para os meus ouvintes e caminhantes do meu caminho. Vera Helena, sempre viva. 26/11/ 2012.

segunda-feira, 19 de novembro de 2012

Um toque, um aceno, uma escuta, um sorriso e um beijo: pouco e muito! - Tudo nesta vida depende do "lugar" que nos encontramos. Nessa linha, tudo é relativo, inclusive o olhar diante dos fatos vivenciados. Toco nesse ponto, porque, no lugar onde minha mãe passa os seus dias, percebo a importância das ações contidas no título desse relato. No corre corre dessa vida insana, sorrir, abraçar, tocar carinhosamente uma pessoa que cruzamos pelas ruas e calçadas, talvez signifique um obstáculo às respostas dos compromissos previa e urgentemente agendados. Talvez cause estranhez , posto que atitudes carinhosas externalizadas podem gerar indagações diversas na aridez  que somos submetidos, inundados por conceitos e teorias diversas.Fato é que permitir-se tocar, oferecer um gesto de adeus, mandar um beijo, ouvir sempre as mesmas histórias das senhorinhas que convivem com minha mãe, gera em mim uma sensação gostosa e única.Com minha mãe amada, vivencio situação semelhante ao filme O Feitiço do Tempo, quando todos os dias o despertador sinalizava para as mesmas e repetidas cenas! Em compensação, recebo sorrisos, olhares de ternura, dos quais posso dizer que este pouco representa muito!
Deixo um beijo e o meu carinho agradecido aos meus companheiros de percurso nessa estrada de dor, lutas e amor! Vera Helena, sempre viva. 19/11/2012.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Entre nós duas: um caminho, o caminho! - Minha mãe e eu, cada qual no seu tempo, papel e função que ocupamos nas nossas vidas, cumprimos a nossa missão. E entre nós, há um ponto convergente que denomino de CAMINHO. No dela, aceitar e deixar-se ser cuidada.  No meu, disponibilizar espaços para  o papel ativo de cuidadora. Não há muita flexibilidade para respeitar as limitações de sofrimento e dor, pois ações diárias têm que ser tomadas já que atualmente minha mãe depende de todos para toda e qualquer atividade de vida diária. Nos nossos encontros, a esterilidade se acentua, pois nesse caminho no qual minha mãe percorre os seus passos, inexiste uma dinâmica de relação. A mim compete o fazer amando, no qual a máxima de nada esperar constitui-se na única realidade palpável. O caminho é esse! Nesse jogo, nos enveredamos, ganhamos e perdemos, mas seguimos com energia no caminhar possível! Deixo um beijo e a gratidão pelo espaço de escuta e apoio, que preciso tanto.... e tanto. Vera Helena, sempre viva. 09/11/2012.