Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Minha mãe: 89 anos de vida, algumas impressões - Dia 21 último, minha mãe completou 89 anos de vida. Atualmente, ela necessita do auxílio do outro para todas as atividades e necessidades diárias. A dependência é total. Limitações impostas dia a dia. Entretanto, sempre existe um caminho quando se tem boa vontade. Refiro-me à forma que celebramos o aniversário dela. Amigos disponíveis ao horário permitido no local onde ela vive, lá estiveram levando abraços e carinho. E do jeitinho dela, ela agradeceu a todos, inclusive àqueles que levaram uma lembrança materializada pela data. Os bisnetos se encarregaram de gerar gotas de alegria e estimular sorrisos e olhares para minha mãe, que os acompanhava nas atividades que desempenhavam. E com uma velinha acesa, simulamos um bolo e entoamos o parabéns para você. Um sentimento de ternura inundou o meu coração, quando percebi que, no som possível ela também cantou. Em seguida, notamos no seu semblante, os sinais de cansaço e exaustão, que entendemos e atendemos prontamente, conversando menos e diminuindo o tom das palavras que pronunciávamos. Aos poucos, nos retiramos a fim de que ela prosseguisse na rotina do lugar, da qual encontra-se plenamente adaptada.
No retorno para a minha casa, refleti sobre o tempo. E verifiquei que o meu conceito sobre o mesmo sofreu alterações profundas, pois o que menos me inquieta é a cronologia dos dias já vividos ou a serem experienciados. O que de fato importa é o tempo presente e os seus instantes nos quais nos relacionamos, que se fazem longos e intensos. Ganhos e percepções de quem alegremente se disponibiliza vivenciar! Escolhas perenes, inundadas de gratidão e bem querer. Beijos e até muito breve, com paz e bem. Vera Helena, sempre viva. 24/09/2012.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Receita para um sorriso - Como tenho postado, a memória da minha mãe cada dia se aloja em fases correspondentes ao estágio e avanço da doença. Ultimamente, nossas conversas têm girado em torno da sua infância e de alguns personagens. Refiro-me especificamente à sua irmã caçula, a querida e saudosa Dorinha. Que para ela, encontra-se viva. Para que ela movimente a musculatura facial, falar é importante e essencial. Portanto, é sobre a Dorinha que conversamos. E o diálogo flui melhor quando o enunciado do mesmo é curto e objetivo, possibilitando a compreensão e resposta àquilo que eu relato ou pergunto. Por exemplo: Mãe, sabe quem ligou para a senhora hoje? E ela indaga: quem? Eu digo: a Dorinha! Sorrindo muito e demonstrando emoção, ela verbaliza: ah, aquela pequenininha, "tadinha"! Eu insisto: "tadinha" por que? Resposta: ela é tão novinha ainda...Prossigo: puxa mãe, eu me esqueci da idade dela! Ouço então: uns três ou quatro anos! Constato que, de maneira breve e objetiva, nos alegramos e atingimos o objetivo maior, ao lado de tantos outros que naturalmente vão surgindo.Receita  de sucesso, com resultados benéficos para ela e para mim, que, de forma privilegiada, desfruto de um tempo precioso, inesquecível, principalmente pela leveza e sensação de bem estar que nos são proporcionados. Despeço-me dela, com alegria e vontade de aproveitar ao máximo o tempo que dispomos. Beijos carregados de gratidão e o desejo de colaborar com quem, diretamente ou não, caminha pelo mesmo caminho que eu. Vera Helena, sempre viva. 06/09/2012.