Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Calvário e o caminhar possível - o estado geral da minha mãe debilita-se dia a dia. Todos os cuidados  têm sido realizados para a manutenção da qualidade de vida dela. Não há como negar e nem deixar de presenciar o avanço das patologias que ela possui: Parkinson e Alzheimer.A voz torna-se mais baixa, requerendo mais atenção na escuta. As palavras pronunciadas têm sido reduzidas a um universo que precisa de muita criatividade e estimulação para emitir sons e sílabas que compõem uma palavra.Para isso, me remonto àqueles fatos vividos num passado distante, mas que para ela são sempre atuais. Busco somente os que traduzem lembranças positivas e alegres.Músicas do tempo dela, também provocam reações confortáveis, mantendo assim a necessária verbalização e movimentação dos músculos da face.Mas, o que mais me impressiona é assistir a sua caminhada, presente num número de 10, 15 e 20 passos no máximo, com interrupções devido à postura e fraqueza, muito visíveis. Pois a dependência se intensifica para todas as atividades de vida diária; agora quase que totalmente. Três pessoas para auxiliarem no trajeto. E assim vamos nós: um dia de cada vez e sempre! O meu alimento físico e espiritual tem sido o sorriso e o beijo que recebo na chegada e na despedida, em meio a um tempo de calvário, do qual espero suavizar com força e fé! Beijos aos que me acompanham. Vera Helena, sempre viva. 18/06/2012.

terça-feira, 19 de junho de 2012

A importância da valorização das emoções do portador em todos os estágios - dias atrás minha mãe sofreu uma queda, tendo ferido a sua cabeça. Felizmente não teve consequências mais desastrosas diante do ocorrido.Cheguei quase que imediatamente ao incidente, que exigiu a presença de um médico, para direcionar os procedimentos a serem efetuados. Minha mãe sempre se mostra colaboradora nesses momentos, com frequencia extrai comentários positivos dos profissionais da saúde acerca do seu comportamento. Como já mencionei, o estágio em que ela se encontra, insere-se ao terceiro, num processo de dependência cada vez mais contínuo e constante. No entanto, preciso relatar que depois da queda, ela mostrou-se muito assustada, manifestando um semblante atemorizadoe enrijecido o tempo todo.Que persiste até hoje ( quatro dias depois), com algumas manifestações físicas, tais como: uma rigidez notória na musculatura dos  ombros, pescoço e face, em forma de nódulos, que estão sendo cuidados. Interessante notar o medo instalado com sintomas, mas também por intermédio de palavras como: cuidado, eu vou cair!
O que pude observar até a presente data é que, devemos e precisamos levar em consideração as emoções do portador, independentemente das fases que se encontra, pois minha mãe externalizou esta necessidade nestes dias últimos que julgo pertinente compartilhar com os meus leitores, no sentido de alertá-los sobre a seriedade de questões que surgem quando em eventos como esse que relatei aqui e agora. Com carinho e gratidão, me despeço por hoje. Entendo que como tudo na nossa vida, não temos certeza de nada. Também na relação: portador, cuidador e familiares temos que acreditar na força e energia que nos serão disponibilizadas um dia de cada vez e sempre! Amém! Paz e bem... 19/06/2012.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

  • Um presente no presente : exemplo valoroso! - No dia 29 de maio último, meu irmão fez aniversário. Ele reside numa cidade, que localiza-se num raio de 290 quilometros de distancia da cidade em que resido.Lembrando, é onde nossa mãe vive institucionalizada. Eu estava viajando. E ele decidiu passar este dia ao lado da nossa mãe. O dia estava bonito, ensolarado e segundo relatos, minha mãe alegrou-se muito ao vê-lo, recordou-se de um dos nomes dele, que o deixou muito feliz. Confesso que o gesto do meu irmão me comoveu, não só a mim, como a todos os que participaram desse evento. Compartilho com vocês tal experiência porque vejo nessa atitude um exemplo a ser seguido, independentemente do estágio que o portador se encontra. Nunca sabemos as reações do mesmo, mas como no caso do meu irmão, um sorriso, um olhar, uma palavra proferida, um carinho e um silencio significativo pouco custam, mas criam muitas possibilidades das quais, precisam e devem ser aproveitadas no tempo e hora que a vida nos propuser. Sem muitas reflexões, mas com decisões que priorizem a vida, enquanto existir vida! Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 08/06/2012.