Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

A arte de correr riscos - Depois de muitos socos no estômago no enfrentamento da recuperação possível da minha mãe, entre claridade e escuridão, estamos na vida e pela vida!!! Que sugere luta e a escolha de qualidade na forma de viver. Assim, seguimos dia a dia... Minha mãe, tal fênix, ressurge a nos inquietar em busca de soluções e caminhos ainda que o que nos resta muitas vezes é o rumo das pedras brutas, assim como o das pedras lapidadas. Depois da alta obtida pela minha mãe, constatamos a sua  estranheza no retorno ao lugar que ela viveu até então por quase dois anos. Toda uma adaptação tem sido registrada  E a cada dia ela nos ensina acerca da melhor conduta, que, no meio de êxitos e sucesso, efetuamos com ela.
Os gritos ainda ocorrem, entretanto, numa escala menor. O olhar assustado e assustador têm sido vivenciado frequentemente. Nesse trajeto, algo extremamente positivo merece ser destacado. Trata -se do cuidados que minha mãe tem se recebido de uma fonoaudióloga. Que com exercícios simples e específicos, tem promovido melhorias nos movimentos da fala, deglutição e postura. Por vezes, minha mãe tem verbalizado palavras e algumas frases de maneira clara e compreensível, o que não acontecia há algum tempo. O resultado tem sido a diminuição do risco do engasgo e da aspiração indevida.A alimentação tem cumprido o seu ciclo com mais facilidade. E a participação na fala e escuta tem se efetivado nas relações do seu entorno. E na espinhosa e fascinante arte de nos surpreender, mamãe tem nos impulsionado a correr riscos na garantia de novas conquistas nas fagulhas de vida! Beijos e gratidão por alimentarem os meus sonhos e projetos. Vera Helena, sempre viva. 21/01/2013.

sexta-feira, 4 de janeiro de 2013

Para tudo há um tempo e hora - Comparo a nossa vida a um rio. Que ora pode ser deixado no seu curso sozinho, sem interferências. Mas noutras, precisa de intervenções a fim de, na sua marcha inevitável, não promover enchentes e infortúnios sociais. No caso da doença da minha mãe, também há um percurso do qual sabemos que pertence ao fluxo da vida. Por outro lado existe a possibilidade de alterarmos rotas visando o bem estar possível dessa jovem e velha senhora, a minha mãe amada! Ah! E que guerreira tem se revelado! Entre medos, gritos e pânico diante do novo ambiente ( hospital) que experimentou, com agulhas, medicação e pessoas desconhecidas, ela venceu a pneumonia e teve alta depois de 06 dias. Sequelas surgiram e é delas que estamos a cuidar e providenciar medidas adequadas. Uma fono fará uma avaliação na segunda feira a fim de avaliar a sua mastigação e deglutição. No momento, a posição sentada tem sido a mais recomendada, porque evita que ela se engasgue, risco este que exige atenção contínua. A ingestão de líquido também merece relevância a fim de não desidratar, ministrado com delicadeza e atenção redobrada estimulando-a ao ato de engolir. Em meio a essa situação, ela sorri quando eu relembro fatos que ela me descreveu anteriormente relacionados com os seus familiares: pais e irmãos. Alegra-se quando lembrada das fugas que faziam ( todos os irmãos ) quando o seu pai alertava, em italiano, que era para fugir pois a mama vinha ao encalço deles. Também, quando entoo canções que ela cantava quando eu era criança. Quando menciona estar com medo, rezamos e, com calma, ela relaxa e se aquieta até a próxima crise. Então, concluo que, até para os cuidados, temos que ter bom senso, para garantir a vida com um padrão mínimo de qualidade! E que eu encontre sempre razões para seguir na minha saga de cuidadora da minha mãe. Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 04/01/2013.