Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

sexta-feira, 26 de dezembro de 2014

Ciclos: final e início

Minha mãe partiu dia 17 de dezembro. Encerra-se um tempo de muita luta e formas variadas de ver e sentir o amor e agora, enfrento os dias de luto. Não me oponho a ele, nem me rendo ao mesmo, simplesmente realizo minhas atividades da maneira que me tem sido possível. Ponto alto tem sido o apoio de todos os meus amados e com eles, tudo fica mais leve, pois aceitam como estou na certeza que devagar voltarei a ser o que sou! Só que mais acrescida e crescida em todos os sentidos. Sobre isso, iniciarei um novo ciclo, do qual falaremos brevemente. E, se de tudo fica um pouco, confesso que muito, mas muito ficou em mim. Beijos e muita gratidão aos meus seguidores fiéis. Vera Helena, sempre viva. 26/12/2014.

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

UTI

UTI - Desde a madrugada de domingo, dia 14, minha mãe não passa bem. Em decorrência dessa situação, nos vimos na UTI de um hospital local. Mais um quadro de pneumonia decorrente da ausência de deglutição. Força, muita força é o que minha mãe tem apresentado nesses dias de internação, surpreendendo mais uma vez a todos os que estão a cuidar dela. Não tem sido fácil me fazer presente nas visitas. A fotografia é dura e triste. O espaço é concebido numa visão bastante humanitária onde o acolhimento se faz  presente. Conviver, aceitar e enfrentar os desafios a cada dia tem sido meu objetivo maior. Silenciar e não dispor de tempo para mergulhar em questões de ordem filosófica e espiritual tem sido a postura adotada. Entendo que a mesma se faz necessária a fim de eu dar conta daquilo que tenho que realizar, ou seja, cuidar, cuidar e cuidar da minha mãe no aqui e no agora! Dessa forma, eu constato que  o amparo e os arranjos divinos acontecem naturalmente, a me revigorar e oferecer energia para o instante seguinte! Segurar a ansiedade no buraco que se abre tem sido a minha atitude. No mais, entre acertos e ajustes procuro corresponder à demanda do momento.
Boa noite aos que seguem comigo. Vera Helena, sempre viva. 16-12-14.

sexta-feira, 28 de novembro de 2014

Flor de Aço.

A cada dia que passa, percebo a fortaleza que minha mãe tem representado no seu trajeto de vida! Deixamos o hospital há 11 dias! Quando ela foi internada tendo lá permanecido por 37 dias, no quadro apresentado, a pneumonia era a maior preocupação, estabilizada depois de algum tempo. A recuperação da minha mãe surpreendeu a todos, principalmente o médico que a assistia, pois os prognósticos eram desanimadores. Relevante mencionar que até o momento da internação da minha mãe, nós dispúnhamos de serviços de home care. Alguns, como a fisioterapia, fonoaudiologia, e nutrição existiam há quase um ano e meio antes deste evento. Os serviços mais atuais compunham-se de um cilindro de oxigênio, o aspirador (extremamente necessário para aliviar a secreção frequente) e o mais recente deles, constituía-se na presença de uma auxiliar de enfermagem noturna. Somente na noite em que eu aguardava por esta profissional é que soube que a partir do momento que o paciente se ausenta por mais de 24 horas dos serviços de Pronto Socorro, esse trabalho torna-se inoperante! Um surpresa desagradável demais, num momento delicado e tenso! Alterações aconteceram para atender essa demanda! Busquei cuidadoras disponíveis para " cobrirem " o vazio deixado por essa medida demasiadamente injusta! E quando o médico que cuidava da minha mãe verificou que ela já tinha condições de retornar para o lugar que vive, a sensação de impotência e revolta aumentaram! Fomos informados que não dispúnhamos de serviço algum de home care! Tristeza e desolação diante do cenário inesperado! Retornamos para "casa" com força, boa vontade e coragem suficientes para recomeçarmos a nova etapa de um percurso no qual minha mãe, flor de aço querida me impulsiona a encarar e enfrentar tamanho vazio, oriundo da privatização da saúde nacional. Pavoroso assistir essas questões ligadas ao envelhecimento, num país que se orgulha de ter maior expectativa de vida e ao mesmo tempo nos mergulha na desesperança e dissabor! Grata pelo caminhante que caminha comigo. Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 28/11/2014.

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

Estabilidade e Instabilidade.

A linha que passa pela estabilidade é a mesma da instabilidade. Em questão se segundos uma passeia no caminho da outra provocando movimentos adequados para cada situação. No caso da minha mãe, internada há mais de um mês, conforto e quadro estável constituem-se nas palavras chaves proferidas pelos profissionais da área da saúde envolvidos no seu cotidiano. Se por este lado podemos vislumbrar um caminho definido, ou seja, planejarmos a volta para o lugar onde minha mãe vive, por um outro nos vemos impedidas de realizar esse percurso porque estamos aprisionadas pelas exigências do convenio que assiste minha mãe. Com alta há 10 dias, num quadro de fragilidade intenso, portanto vulnerável a infecção hospitalar, nos vemos no aguardo do posicionamento dos entendidos em projetos e coberturas de convênios para sua cliente há mais de 30 anos. Inúmeras sugestões têm sido apresentadas, mas conversar com os responsáveis e definir possibilidades nesse tempo angustiante de espera, tem sido a posição definida por nós, os familiares. Meu cotidiano tem sido vivenciado nas dependências de um hospital, que protagoniza uma dinâmica intensa dentro da finalidade que se destina: dias de muita agitação, outros mais calmos, alguns com falta de funcionários, levando-nos a atuar como colaboradores para o que precisar dentro dos limites do permitido. Nesse sentido, nos deparamos com pessoas alegres, éticas, profissionais e comprometidas com o seu trabalho e função, assim como com outras pessoas mais amargas, insatisfeitas, a atuar com má vontade, levando-nos a perceber que não há diferença das relações que estabelecemos e assistimos no cotidiano dos lugares que frequentamos. Angustiada com essa indefinição busco celebrar cada instante vivido com a minha mãe nos quais sorrimos e nos ouvimos tentando compreender os sons emitidos sinalizando para palavras que nem sempre consigo compreender o significado. Quando isso acontece, faço carinho no seu rosto e canto as suas músicas prediletas e rezamos as orações conhecidas por nós. Como resposta, quase sempre obtenho um sorriso puro e inocente, um olhar singelo em meio a tantos outros que, pelo que percebemos, se direciona aos lugares que só minha mãe consegue pegar carona e viajar....Beijo no coração dos meus seguidores.13.11.14.

domingo, 26 de outubro de 2014

Caminhos, espinhos e carinhos.

Minha mãe prossegue hospitalizada. Treze dias medicada com antibióticos, mas a pneumonia não foi debelada. A palavra que tenho ouvido com certa frequência dos médicos e profissionais que a assistem tem sido CONFORTO. Minha rotina tem sido realizada no hospital a fim de me fazer presente o maior tempo possível ao lado dela. O caminho que temos pela frente apresenta espinhos e carinhos, tudo junto e misturado. Quando percebo que ela se encontra agitada, rezamos e ela se acalma. E quando o seu estado sinaliza para a tranquilidade, conversamos o diálogo possível. Nele, trago à tona situações de alegria das quais quase sempre um sorriso inocente e singelo simboliza a sua resposta. Nesse intervalo permeado de carinho eu me reabasteço e revigoro para juntas cumprirmos o que temos pela frente. Assistir e compor esse cenário possibilita que diferentes sentimentos perpassem meu corpo e mente. Minha agenda tem sido escrita por uma frase que fundamenta o meu cotidiano: um dia de cada vez! No mais, minha vida segue através da esperança edificada num fazer diário. Agradeço aos meus seguidores com ternura e paz. Vera Helena, sempre viva. 26/10/14 

domingo, 19 de outubro de 2014

Caminhos Escuros

Desde domingo, dia 12 de outubro, minha mãe encontra-se internada. Diagnóstico: pneumonia, infecção urinária, seguido de baixa taxa de sódio. Minha mãe, prostrada e nós assustados e impactados. Caso grave, de risco e delicado é o que tenho ouvido dos profissionais que a atendem. Tempo de luta e aprendizado, a valorizar cada instante vivido na incerteza dos nossos passos. Hoje, uma pequena melhora, pois ela não tem piorado. O cenário, limita-se à janela deste quarto de hospital! Beijos e gratidão aos meus seguidores. Vera Helena, sempre viva. 19/10/2014

terça-feira, 23 de setembro de 2014

Entre o risco e o riso.

Entre o risco e o riso - O cotidiano da minha mãe tem sido marcado pelo silencio e um desconforto visível. Todos os cuidados e procedimentos seguem a mesma pauta. Todavia, isso não tem bastado para reverter o quadro instalado. Nos nossos encontros diários busco me comportar de maneira alegre e participativa independentemente da ausência da troca nos estímulos que ofereço. Fato é que não sabemos o nível de consciência de um portador de Alzheimer, por isso cautela e respeito são elementos essenciais quando se conversa perto do mesmo. Nesse caminho, aprendi que cuidar e organizar os elementos que compõem o universo da minha mãe é o que precisa ser realizado. Nesse fluxo, me alimento e fortaleço entre perdas e ganhos e prossigo dia a dia ... Boas e singelas surpresas! Nestes três últimos dias, minha mãe tem sorrido, verbalizado frases curtas e me beijado em atendimento aos meus pedidos, ainda que por instantes para logo se alojar no "seu mundo". Isso tem me bastado para gerar energia suficiente para realizar o que precisa e deve ser feito a fim de provê-la com o que necessita para seguir nos ensinando a difícil arte de envelhecer e aceitar o fluxo cotidiano. Beijos, paz, bem e muita alegria aos que me seguem. Com gratidão. Vera Helena, sempre viva. 23.09.14 *** Este texto já deveria estar postado há tempo. Não sei o que ocorreu.

Noventa e um anos e a vida possível!

No dia 21 passado minha mãe amada completou 91 anos de vida. Muita história na sua história mesclada de conquistas, alegrias e tristezas! Avaliando este percurso, uma característica surpreende positivamente: a sua saúde! Pois, mesmo diante de tanta fragilidade ocasionada pelas patologias que a acometem ela supera expectativas e derruba teorias! Todavia, há algum tempo ela tem apresentado um quadro de sofrimento visível devido à falta de ar em decorrência da incapacidade de deglutição e de expelir o que fica armazenado nas suas vias respiratórias. Os recursos disponíveis têm sido utilizados como a aspiração e a higiene bucal realizadas várias vezes ao dia. No caso do primeiro, o mesmo tem um limite de uso porque existe o risco de ferir as partes internas expostas a manipulação. Recursos mais específico foram requeridos e estão sendo aguardados, na medida em que dependemos de outras instituições. Assistir a essa cena tem sido desolador e triste mesmo sabendo que minha mãe se encontra cercada de cuidados e carinho por parte daqueles que se relacionam direta e indiretamente com ela. Com a proximidade do dia 21 pensei muito em como celebrar mais um ano da sua bravia e exemplar existência! Fazer o bolo de chocolate conforme me pediu nos aniversários anteriores transformou-se em algo inviável pois há quase um ano ela se alimenta via sonda. Além disso, se irrita e assusta com facilidade quando retirada do seu ambiente. Decidi celebrar junto de três amigas muito queridas cantando as suas canções preferidas, bem baixinho além de termos rezado com ela. O sinal manifestado ocorreu por intermédio do seu olhar a nos acompanhar com os seus vibrantes olhos verdes. Naquele dia particularmente ela se encontrava bastante secretiva, fator de impedimento a outra reação. Cantamos o imperdível "Parabéns para você" com direito a velinha acesa e muito emocionada me retirei do seu quarto. Lá fora, caía uma chuva fina, o ar exalava frescor e cheiro de terra molhada, tendo no chão muitas pétalas de flores coloridas. O calendário sinalizava para o dia da árvore e a breve chegada da primavera. Considerei esse cenário como um presente ofertado pela natureza para minha mãe, que sempre cuidou e preservou das árvores e flores das ruas e casas que vivemos com muito desvelo e força! Saudações carinhosas e permeadas de gratidão aos que me seguem nesse percurso duro, espinhoso e de muito aprendizado frente às inúmeras possibilidades que proporciona aos que decidem caminhar entre dores e amores. Vera Helena, sempre viva. 23-09-2014

quinta-feira, 21 de agosto de 2014

Memória: os velhos e sempre novos registros.

Se há um recurso que recomendo a todos os que se relacionam com portadores de Alzheimer é o de realizar registros de temas variados que compõem o percurso de todo o ser humano. No caso: a infância e nela, o bairro e seu entorno, a escola, professores, os amigos, brincadeiras e os personagens importantes desse período que, com paciência e respeito ao limite do portador vão tecendo belas produções. Tempo de muita fecundidade com as descobertas que essa ação proporciona, sem falar da alegria e aprendizado que ocorrem no decorrer do processo. Muito bom saber das rodas de histórias promovidas pela vovozinha (minha bisavó) a aquecer as noites frias e estreladas daquela São Carlos de tempos idos... Nesse compasso, viajei por outras fases do desenvolvimento da minha mãe, pois colhi relatos da adolescência e idade adulta dentre outras.
Hoje, com o avanço da doença instalada, asseguro que ainda me valho dos fragmentos das lembranças que transcrevi com ela. Exemplo disso ocorreu a 2 dias atrás. A cuidadora do período noturno teve um compromisso impedindo-a de chegar no horário de costume. Como minha mãe tem engasgado com muita facilidade optei em não deixá-la sozinha e fiquei com ela até o retorno da cuidadora. Tem sido raro o dia em que ela tem conseguido proferir algum som e palavra. O seu olhar vivo e esverdeado (cor dos olhos dela) tem expressado sofrimento e exaustão. Busco tranquilidade e alegria nesse momento igualmente difícil para mim. Lembrei-me que numa das gavetinhas do velho criado mudo havia a letra do hino da formatura da minha mãe. Cantei para ela, junto de outras canções que ela sempre apreciou. Fazendo carinho nos seus cabelos percebi que ela se acalmava. Interrompi nossa cantoria por algumas vezes a fim de retirar o excesso de secreção na sua boca, como resultado da impossibilidade da deglutição. Esse gesto de cantar nos possibilita o contato possível pelo qual procuro trazer pedacinhos de realidade diante do que ela ainda apresenta. Assim, nos encontramos e nos amamos no formato permitido pela inexorabilidade do curso da nossa vida, mas sempre vida!
Um beijo a todos os que devotam instantes de carinho com os frutos colhidos no caminho que a vida me concede. Gratidão para cada um dos meus seguidores. Vera Helena, sempre viva - 21/08/14

sexta-feira, 8 de agosto de 2014

O bom senso na lida de cada dia

O bom senso na lida de cada dia - O estado geral da minha mãe inspira cuidados e vigilância realizados em tempo integral. Decisões sobre os procedimentos adequados acontecem com frequência, levando-nos a fazer uso da criatividade e do bom senso. Uma situação vivida nesses dias ilustra essa afirmação. De vez em quando, minha mãe apresenta dificuldade para respirar, engolir e deglutir, promovendo uma tosse intensa e incessante. Com isso, o seu sono se interrompe a todo instante e sua rotina e qualidade de vida ficam comprometidas. E ele, o bom senso deve prevalecer com os recursos que dispomos. Algumas questões: fazer uso de um xarope mesmo que a tosse não se origine de nenhum quadro gripal ou das vias aéreas? Aspirar com todos os riscos que pode acarretar já que a possibilidade de ferir a região é grande? Entretanto, é preciso agir! Conversar com a geriatra me conforta e, de forma compartilhada, definimos os caminhos. Nesse caso, decidimos por um antitussígeno e aspirações pontuais. Assim, buscamos o que nos é possível num universo de práticas inviáveis, a fim de realizarmos o melhor para a minha mãe. Sem mais, eu me despeço com gratidão para os meus seguidores, sempre muito queridos e fiéis! Vera Helena, sempre viva. 08/08/2014.

segunda-feira, 28 de julho de 2014

Memória Equilibrista

Memória Equilibrista - Ontem, estive com minha mãe no início do anoitecer. Ela ressonava. Beijei-a várias vezes e ela se manteve do mesmo jeito. Depois de alguns minutos ela abriu os olhos e sorriu com o semblante de um recém - nascido, tamanha a inocência do seu gesto... Ternura e singeleza! Convidei-a para cantar no que ela acenou positivamente. A primeira música que veio à minha mente foi "O Bêbado e o Equilibrista", a sua música! Eu iniciava a frase e ela prosseguia ora cantando e noutras verbalizando a palavra a ser completada. Em meio a sorrisos e candura entoamos canções variadas, dentre elas " Índia ", da qual ela me disse que desconhecia, mas logo que a iniciamos, ela reagiu da mesma forma. Depois, rezamos e ela recordou-se das orações que realizamos a sorrir muito. Sempre indagando se eu podia continuar me vali de várias lembranças, todas evocadas como se fosse a primeira vez. Surpreendentemente, ela correspondeu a todas elas, inclusive se emocionando ao falar da sua irmã caçula, a sua pequenininha! Nesse cenário, o que mais me inquieta relaciona-se à música do bêbado e o equilibrista, na medida em que a mesma foi introduzida na sua vida, muito depois das lembranças que ainda se alojam na sua memória. Isso se contrapõe ao que lemos sobre a doença de Alzheimer, posto que há perda de muitas memórias que sucessivamente vão sendo apagadas... Na minha leiguice, penso que o significado desta melodia e letra pertencem a momentos emblemáticos da sua trajetória, por isso ainda mantido. Tal fato me alerta  para que todas as pessoas que dela se achegarem, evitem falar sobre assuntos relacionados ao seu estado e evolução, já que existe a possibilidade de ela nos ouvir, compreender e se angustiar. Também nós precisamos nos equilibrar nas nossas certezas e incertezas dos fazeres nossos de cada dia. Deixo um beijo para os meus fiéis seguidores. Com carinho e gratidão da Vera Helena, sempre viva. 28/07/14

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Dia a dia, passo a passo

Dia a dia, passo a passo eu vou - Quando não existe alteração mais significativa na rotina diária da minha mãe, afirmo aos que me indagam sobre ela que tudo vai bem. Os parâmetros oscilam e muitas vezes eu me equivoco nas decisões e caminhos a serem seguidos. Com cautela e muito silencio, observo os movimentos que interagem sucessivamente. No local onde ela vive, assisto a vida instalada de muitas formas e estágios nas senhoras que também escolheram aquele lugar como refúgio para as suas existências. Com algumas delas eu me distraio, dialogo e aprendo muito! A grande maioria gosta de conversar e por estes minutinhos de atenção que lhes devoto, ficam exageradamente agradecidas, talvez por carência penso eu ... Nesse caminhar, o tempo dispendido acontece na estrutura de apoio desenvolvida para minha mãe. Ou seja, administrar os fazeres das cuidadoras e de outros protagonistas que envolvem o entorno e o seu desdobramento que ocorre inexoravelmente. Uma situação se destaca nesse espiral: a minha solidão! Muitos dos meus companheiros de percurso têm se espalhado para outras paragens. Para isso, muitos argumentos têm sido utilizados, destacadamente, a insuportabilidade de assistirem a qualidade de vida da minha mãe, de fato, muito comprometida e ruim. Promover e disponibilizar os recursos possíveis tem sido a minha atitude. Que sem dúvida alguma retrata o meu ponto de vista sobre o ato de cuidar! Quanto ao restante, entendo que não me cabe decidir e muito menos entender, porque se aloja num campo que transcende o entendimento de conceitos filosóficos e espirituais. Na lousa da minha casa escrevo assim: dia a dia, passo a passo me faço, refaço, invento, reinvento e vou....Beijos e gratidão. Vera Helena, sempre viva. 09/07/14

quinta-feira, 19 de junho de 2014

A generosidade no espelho.

A generosidade no espelho - Depois de trocada a sonda da minha mãe, a sua aparência mudou. Seu rosto já não denuncia um quadro de mal estar e desconforto. Interessante notar que, com um semblante mais  "normal" ficou mais fácil olhar para ela. Já não há tanta diferença para ser vista como sofrimento!
Teço essas observações de acordo com as afirmações que as senhoras do local onde minha mãe reside têm demonstrado. Verifico também mais leveza na aproximação e convívio diários! Verbalizam que era difícil pra elas assistir minha mãe com a sonda no nariz. Algumas delas referem-se à experiências pessoais semelhantes, na maioria das vezes bem dolorosas! Nesse contexto, percebo que assistir o quadro da minha mãe provoca nessas senhoras a possibilidade de tal procedimento acontecer com elas. E isso faz repulsa e compaixão simultaneamente! Instantes de reflexão sobre um cotidiano que deve e precisa ser reinventado e colorido para amenizar as telas descoradas da vida nossa de cada dia! Beijos no coração dos que se dispõem a me seguir. Vera Helena, sempre viva! 19/06/14.

domingo, 8 de junho de 2014

Mais, menos e mais ou menos.

Mais, menos e mais ou menos - Na evolução do quadro da doença da minha mãe, me vejo em situações extremas e noutras nem tanto, mas sempre muito desafiadoras! Muito atenta às  possibilidades que cada dia e momento me proporcionam, busco vislumbrar caminhos em que eu possa caminhar. Há dias em que me vejo sem parâmetros e sustentar esse vazio gera em mim muito desconforto! Em paralelo, eu me asseguro que, por diferentes e reais motivos, cada pessoa assume o rumo da sua vida e via de regra quando a doença se apresenta por um período longo, o que era novidade se transforma em algo comum, ou seja, como parte integrante de um cotidiano frenético e voraz. Diante disso se intensifica a minha individualidade, que somada à minha leiguice, me desgasta ainda mais. E, entre nuvens claras, acinzentadas e muito escuras eu faço as escolhas possíveis.Num universo de cuidadoras, médicos, fisioterapeutas, fonoaudiólogas e outros componentes dessa estrutura de uma micro empresa, me contorço e torço por atitudes e decisões assertivas. Um exemplo que ilustra essa reflexão refere-se à tosse da minha mãe, ora mais seca e noutras mais solta se arrastando por vários dias, quase há 1 mês. Com a troca da sonda naso pela gastro a mesma persistiu até hoje.Várias hipóteses sobre ela : irritação do local onde a antiga sonda se encontrava, "memória" desse local ainda presente, uma gripe se alojando, algo mais severo se instalando, excesso de zelo da minha parte? Cadê as palavras tão bem proferidas pela minha mãe sem o impeditivo da antiga sonda? O tempo de desfrutá-las e apreciá-las foi curto demais!Onde a melhora da qualidade da vida já tão comprometida da minha mãe? Recorro aos profissionais da equipe de apoio terapêutico para melhor compreender essas reações sem perder a noção da complexidade do caso que a cada dia se agrava mais. Entretanto, me vejo invadida por sensações de insegurança e desalento. Nas sombras das certezas e incertezas, apego e desapego, preciso ter comigo uma verdade a ser seguida: NÃO POSSO BRINCAR DE DEUS! A mim, me cabe realizar o que se encontra dentro da realidade, sem deter o curso natural da doença. Na busca de chão para meus pés, com tudo e com nada, eu manuseio a minha agenda que, com alegria e fé organizo e celebro a vida nos seus diferentes matizes e cores. Agradeço a escuta e espero ter conseguido me levar a cada um de vocês, meus fiéis seguidores. Vera Helena, sempre viva. 08/06/14

quinta-feira, 22 de maio de 2014

Mão Única

Mão Única - A cada dia que passa entendo mais o pensamento e frase " Na vida, temos duas formas de promover crescimento: pela dor e pelo amor".
Ontem, vivi essas duas ações e por amor senti muita dor diante da irreversibilidade do momento e as decisões que o mesmo envolveu. Melhor dizendo: a sonda nasoenteral que minha mãe fazia uso foi retirada para dar lugar a uma outra colocada no estômago, na região do umbigo para exercer a mesma função. A sonda anterior tem um tempo de uso e o da minha mãe expirou requerendo a atual. O risco de problemas respiratórios aumentava a cada dia, não sobrando outra medida além desta. Fiquei muito angustiada, pois o estado da minha mãe é delicado e decidir o único caminho a ser percorrido foi difícil e sofrido. Já faz tempo que não disponho de alterativa B no que se refere à saúde da minha mãe. O rumo é um só, numa estrada de mão única, na qual preciso ir, avançar e prosseguir sempre... Me foi passado que o procedimento seria simples. Para tanto, alguns exames pré operatórios foram realizados, com resultados positivos, sem nenhum impeditivo. Nos deslocamos para o hospital em torno das 12 : 45 horas. Fiquei receosa quanto à anestesia geral, pelos riscos que  oferece. Em paralelo, uma sensação de tranquilidade invadiu-me durante o tempo todo, mantendo-me calma e serena. A cirurgia em si é muito rápida e minha mãe respondeu positivamente. No mesmo dia, à noite, nós retornamos ao local onde minha mãe vive. O apoio fornecido pelas equipes do traslado e hospital atuaram suficientemente! O momento demanda situações novas, nas quais muito aprendizado e amadurecimento já se fazem presentes!  Acomodamos minha mãe e retornei para minha casa vivenciando a sensação de ter superado mais uma etapa permeada de dor e amor! Sei que a vida me conduzirá à mares a serem navegados plenamente. Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva! 22/05/2014.

sábado, 10 de maio de 2014

Dia das Mães: ela é a minha mãe!

Dia das Mães: ela é a minha mãe! - O tempo nos proporciona aceitação e persistência diante do cenário que vivemos. Principalmente pelas possibilidades que dispomos.No nosso caso ( minha mãe querida e eu ) sorvemos as gotas de vida que essa mesma vida nos oferece todos os dias. Buscando palavras e pensamentos sobre a data que se aproxima, encontrei um pensamento de autoria desconhecida cuja essência aborda sobre o coração de uma mãe. O mesmo me foi enviado há 2 anos por uma afilhada muito querida e importante na minha vida. O mesmo sinaliza para o seguinte: "Quando escolhemos ter filhos, optamos por permitir que nosso coração caminhe fora da gente." Hoje mais do que nunca, entendo esse caminho além da minha mãe, pois nos exemplos de vida dela eu me formatei e tento fazer por ela o que ela fez por mim. Isso é só e é tudo! Pouco e muito, compreendendo que menos pode ser mais dependendo da maneira como encaramos os desafios cotidianos que têm no aprendizado e no crescimento os resultados dessa percepção dolorida e positiva. Assistir o sofrimento, o declínio e a precária qualidade de vida daquela que me gerou me abate bastante, mas é preciso seguir e fazer o melhor ainda que só avistemos fragilidade e saídas tortuosas.
Hoje, me flagro repetindo condutas semelhantes às que comentava e pontuava na minha mãe. O trecho da música cantada por Belchior ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais atesta essa constatação. Com certeza, o coraçãozinho dela pulsa no meu e o meu nas atitudes dos meus filhos a serem perpetuadas pelos netos que amo imensa e intensamente. Exemplos perenes!
Como mencionei no início desse texto, aceitação e persistência me alimentam e fortalecem. E na plenitude dos exemplos maternos prossigo com os encontros possíveis ainda que ela não saiba que eu sou sua filha, mas  eu sei que ela é a MINHA MÃE! Beijos e gratidão pelos que nos acolhem. Vera Helena. 10/05/14.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

Som, sorriso e música.

Som, sorriso e música - Ontem, postei de forma reduzida, porque reduzidas têm sido as atividades da minha mãe com os que convive. Um universo de pouca ou quase nenhuma novidade a ser acrescentada, discutida e compartilhada no meu blog. Hoje, no entanto, vibrei de alegria diante da cena que presenciei no local onde minha mãe vive.
Ao sair do carro escutei vozes entoando uma música conhecida. Ao me dirigir para lá, avistei algumas senhoras que empolgadas cantavam intensamente. Localizei minha mãe e notei que o semblante dela estava irradiando felicidade. Puro encanto! Aproximei-me dela e recebi um sorriso largo como há tempos não ocorre. Juntas e de mãos dadas, estimulei-a a cantarolar e ela correspondeu ao meu aceno. Lembrei-me do conteúdo de um texto sobre Alzheimer no qual um profissional de saúde abordava sobre a musicalidade. Que segundo ele, constitui-se na última função cognitiva a ser perdida pelo portador.
Celebrei o momento na sua plenitude! Deleite e alimento para meu corpo e alma... Beijos e gratidão. Vera Helena, sempre viva. 34/04/2014.

quarta-feira, 23 de abril de 2014

Minha mãe e eu: nosso calendário

Minha mãe e eu: nosso calendário - tenho andado desaparecida. Pouca postagem. Frases curtas. A rotina segue e com ela, medidas e ações acontecendo no dia a dia com minha mãe. Um estado constante de sonolência, olhos cerrados, pressão baixa e pouca conversa têm sido as suas reações. Retirar a sonda mesmo contida surpreende a todos, inclusive pela felicidade demonstrada quando liberta desse instrumento e recurso desconfortável. Por muitas vezes, a tristeza tem ocupado um lugar imenso no meu coração. Contudo, é preciso seguir adiante na função de filha cuidadora; preferencialmente realizada com alegria! Nesse fazer constante, busco me nutrir em todos os sentidos. Há dias em que recebo um sorriso, noutros, um olhar intenso que me acompanha pelos espaços que consegue me enxergar. E há outros em que o silencio, o cansaço e um humor alterado e oscilante se resumem nas ações demonstradas pela minha mãe amada. E assim, vamos juntando nossos ladrilhos e formatando os nossos mosaicos permeados de cores vibrantes e nebulosas ... Saudações carinhosas àqueles que estão comigo. Vera Helena, sempre viva. 23/04/2014.


sábado, 29 de março de 2014

Quando há espaço para ver e sentir

Quando há espaço para ver e sentir - Ontem, dia 28 de março, comemorou-se em clima de festa os aniversários das pensionistas do local onde minha mãe reside. Tudo colaborou para que a alegria se instalasse e permanecesse já nos preparativos, no decorrer e com certeza posteriormente na forma de lembranças felizes.Puro deleite! Uma amiga e o seu irmão esbanjaram talento, no dedilhar da sanfona e do teclado. O salão estava todo enfeitado com bexigas, as senhoras, bem vestidas nos seus trajes de passeio, mostrando cores variadas, bem maquiadas e bonitas! Um perfume suave exalava no ar e, ao som dos instrumentos, cantaram, bailaram, bateram palmas e realizaram os movimentos que lhes eram solicitados e possíveis de serem executados. Cada qual dentro dos seus limites a viajar pelos recônditos da memória de tempos vividos e reverenciados com graça e leveza. Nesse cenário, presenciei cenas únicas marcadas para sempre nas minhas recordações! A senhorinha surda dançou com entusiasmo quase o tempo todo do "baile" no salão. A poetisa e trovadora dedicou os seus agradecimentos aos músicos com pensamentos, trovas curtas e longas, poesias de autores nacionais. A senhora italiana que se negava a dançar impedida pelas tonturas, não resistiu quando ouviu a velha canção da sua terra longínqua e comigo, rodopiou entusiasticamente pelo salão... Minha mãe querida, cantou baixinho e comigo, completava as palavras das letras de algumas músicas que ela se lembrava. Energia e emoção indescritíveis, disponibilizadas para quem teve olhos para ver e sentimentos para deixar fluir! Uma certeza: criada a oportunidade, todas as idosas desembrulharam com singeleza os seus guardados dos seus baús de histórias!  
Finalizada a festança, da qual a grande maioria não queria que ocorresse, percebi no semblante de cada uma delas, a presença de um brilho intenso com gostinho de  "quero muito mais"! 
Quanto a mim, me sagrei vitoriosa por assistir a um espetáculo de encantamento, ternura e afeto a correr dentro de mim. Deixo um beijo e um abraço carinhoso para os que se dispõem a caminhar nesse meu caminho e a fazer do meu viver um aprendizado. Vera Helena, sempre viva. 29/03/14.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Ações saudáveis: caminhar e viver.

Ações saudáveis: caminhar e viver - Acredito que em todas as situações que vivenciamos, aprendemos e crescemos. No caso do trajeto precorrido até a presente data nos cuidados com minha mãe querida, busco enxergar o que há de positivo nas relações estabelecidas.O estágio que ela se encontra na doença de Alzheimer é preocupante! Muitas limitações e riscos! Destarte, a vida pulsa e nos convida a viver e encontrar atalhos para a manutenção e se possível, a melhoria na qualidade na vida que minha mãe dispõe. Não há tempo para elucubrações existenciais, muito menos para questionamentos filosóficos acerca de um fluxo que não temos controle e poder! Diante da vida, nos cabe viver de forma criativa e amorosa! Me alegro muito quando recebo um sorriso puro e singelo da minha mãe, assim como quando conversamos o diálogo que temos naquele instante. Assisti-la nas sessões de fisioterapia e fonoaudiologia mais ou menos ativa, constitui-se num privilégio ímpar! Pontuo que desfruto e sorvo intensamente todos esses momentos! Contradizendo muitos prognósticos verbalizados por diversas pessoas, seguimos na e pela vida agarrando-nos às possibilidades que despontam no nosso cotidiano. Não há fardo, nem cegueira no cenário dessa realidade ora fria,  noutras morna e quase sempre muito calorosa! O caminho é nosso e juntas trilharemos o nosso caminhar! Beijos e gratidão aos que nos leem e nos seguem. Vera Helena, sempre viva. 06.03.14.

quarta-feira, 19 de fevereiro de 2014

Sonda: riscos na mão única.

Sonda: riscos na mão única - Minha mãe tem feito uso da alimentação via sonda nasal. Essa foi a única opção quando decidiu-se por providenciar um substituto a sua hidratação e nutrição.Com a deglutição extremamente comprometida e conscientes do risco que tal iniciativa acarreta meu irmão e eu consentimos para a sua instalação. Uma nova fase se iniciou e, com a orientação de profissionais habilitados as cuidadoras e eu, tomamos contato com a nova situação. Nesse universo, frascos, equipo, seringa, dieta e outros materiais integraram-se à nova rotina.Rotina essa que acarretou a intensificação do uso de fraldas, pomadas e materiais de higiene e limpeza dentre outros, decorrentes do aumento do volume da urina e fezes como consequência da ingestão da dieta e seus componentes. A partir dessa data minha mãe não foi mais ao refeitório e o espaço utilizado tem sido o seu quarto, adaptado à nova realidade. As suas mãos estão contidas para prevenir a retirada diante do desconforto que a sonda acarreta.Com todo desvelo demonstrado pela equipe de apoio, a sonda já foi arrancada várias vezes e recolocá-la provoca dor e desconforto para minha mãe. Há dias que ela não consegue engolir, requerendo que se realize aspiração e inalação. Com o clima seco que tem nos desafiado, uma vasilha com água tem sido mantida a fim de umedecer o local onde minha mãe permanece.
Numa avaliação recente a geriatra sugeriu a instalação da sonda gastro e o processo para tal se iniciará no mês de março. Segundo ela, haverá mais conforto e as mãos da minha mãe poderão ficar soltas gerando mais liberdade! Muito brevemente iniciarei um caminho novo para o bem estar da minha mãe amada, no qual torço muito para que o melhor aconteça! Saudações carinhosas da Vera Helena, sempre viva. 19.02.13.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

Anjos no caminho

Anjos no caminho - Verifico que me encontro no universo do Alzheimer a nove anos aproximadamente. Nesse trajeto me deparei com indivíduos possuidores de diferentes características. Na análise do percurso, entendo que o número de pessoas interessantes e cumpridoras dos seus deveres tem sido maioria. Diferentes nos seus perfis e significativamente dedicadas! Por isso, marcantes na minha e na vida da minha mãe amada! Reservo-me o direito de não mencionar os seus nomes para não incorrer em nenhuma injustiça pela falha de memória no registro. Reitero que nos encontramos em lugares diversos salvaguardados as suas especificidades nas funções a serem desempenhadas. Repartições públicas e particulares têm funcionários prestativos e solidários sim! Pessoas interessadas pela minha causa, fazendo-me crer que lutar pelos direitos de cada cidadão vale a pena! Há todo um trâmite a ser realizado, decorrente de uma legislação morosa e antiquada demandando do responsável deste encargo, muito tempo disponível para tudo o que é exigido e uma dose cavalar de paciência. Entretanto, asseguro que há resultados positivos vivenciados mensalmente nas filas de espera dos recursos e materiais que se pleiteia. Nessas filas, sou mais uma dentre uma multidão de necessitados a serem assistidos e amparados pela legislação brasileira e as suas políticas públicas! Considero que olhar de frente os desafios e embates que todo problema demanda, possibilita-nos adentrar em universos desconhecidos em busca de caminhos viáveis às causas que abraçamos! E, avaliar e agradecer aos anjos encontrados no caminho é condição essencial para prosseguir na luta nossa de cada dia! Beijos a todos os que me seguem. Com carinho e apreço. Vera Helena, sempre viva. 07.02.2014

segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O sorriso de uma criança : marcas de um percurso.

O sorriso de uma criança : marcas de um percurso - Quando obtemos o diagnóstico de uma patologia, são muitas as pessoas que, imbuídas de boa vontade, compartilham suas percepções acerca da mesma. Muitas vezes essas percepções vêm traduzidas na forma de procedimentos e sugestões a serem efetuados no trajeto a ser percorrido. No caso da minha mãe, soube que o cérebro quando sadio, assemelha-se a um cacho de uvas robustas e firmes. E que, ao se deteriorar gradativamente pelo Alzheimer, transforma-se num cacho de uvas passas, sem conexões e sinapses, imprescindíveis às relações sociais. Marcou-me muito ouvir sobre a evolução do corpo e mente do portador, que, quando submetido e resistente a todas as fases da doença, retornava à posição fetal, tal como um recém nascido. No caminho desenvolvido até então, constato e vivencio essa situação. E nela, me emociono imensamente, dividida entre o instinto de preservação e o de desapego, em nome da qualidade de vida da minha mãe. Muita angústia me invade em determinados dias e momentos ... Tudo em nome do amor, pelo e para esse amor... Registro que já tenho assistido o sorriso de um bebê no ato de sorrir da minha mãe amada em resposta aos carinhos e toques que promovo para ela. Um sorriso puro, inocente, delicado e singelo! Confesso que me é dificultoso transcrever a emoção sentida nesses momentos. Coisa de pele e da química amorosa que existe entre mãe e filha, filha e mãe, pois há tempos nossos papéis tem se invertido! Na paz desse sorriso, me retiro solitária, alegre e triste, tudo junto e misturado! Mas com força e fé para prosseguir cuidando dela enquanto a vida sinalizar pela vida! Beijos e gratidão da Vera Helena, sempre viva, a formar o meu mosaico um pouquinho a cada dia e sempre. 06.01.2014.