Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

sábado, 29 de março de 2014

Quando há espaço para ver e sentir

Quando há espaço para ver e sentir - Ontem, dia 28 de março, comemorou-se em clima de festa os aniversários das pensionistas do local onde minha mãe reside. Tudo colaborou para que a alegria se instalasse e permanecesse já nos preparativos, no decorrer e com certeza posteriormente na forma de lembranças felizes.Puro deleite! Uma amiga e o seu irmão esbanjaram talento, no dedilhar da sanfona e do teclado. O salão estava todo enfeitado com bexigas, as senhoras, bem vestidas nos seus trajes de passeio, mostrando cores variadas, bem maquiadas e bonitas! Um perfume suave exalava no ar e, ao som dos instrumentos, cantaram, bailaram, bateram palmas e realizaram os movimentos que lhes eram solicitados e possíveis de serem executados. Cada qual dentro dos seus limites a viajar pelos recônditos da memória de tempos vividos e reverenciados com graça e leveza. Nesse cenário, presenciei cenas únicas marcadas para sempre nas minhas recordações! A senhorinha surda dançou com entusiasmo quase o tempo todo do "baile" no salão. A poetisa e trovadora dedicou os seus agradecimentos aos músicos com pensamentos, trovas curtas e longas, poesias de autores nacionais. A senhora italiana que se negava a dançar impedida pelas tonturas, não resistiu quando ouviu a velha canção da sua terra longínqua e comigo, rodopiou entusiasticamente pelo salão... Minha mãe querida, cantou baixinho e comigo, completava as palavras das letras de algumas músicas que ela se lembrava. Energia e emoção indescritíveis, disponibilizadas para quem teve olhos para ver e sentimentos para deixar fluir! Uma certeza: criada a oportunidade, todas as idosas desembrulharam com singeleza os seus guardados dos seus baús de histórias!  
Finalizada a festança, da qual a grande maioria não queria que ocorresse, percebi no semblante de cada uma delas, a presença de um brilho intenso com gostinho de  "quero muito mais"! 
Quanto a mim, me sagrei vitoriosa por assistir a um espetáculo de encantamento, ternura e afeto a correr dentro de mim. Deixo um beijo e um abraço carinhoso para os que se dispõem a caminhar nesse meu caminho e a fazer do meu viver um aprendizado. Vera Helena, sempre viva. 29/03/14.

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