Quem sou eu

Meu nome é Vera Helena. Meu interesse e objetivo consiste em conversar e trocar impressões e experiências sobre Alzheimer. Minha mãe, (foto acima) é portadora desta patologia e acho importante que a troca exista no sentido de acrescentar conhecimentos e gerar espaços para desabafos entre cuidadores, assim como eu. Dentro do que me proponho oferecer, sinto - me capaz de abordar sobre cuidadores, suas relações com o portador e familiares e sobre o cotidiano que envolve a todos os implicados nessa causa. Para saber mais, em cada segmento há uma justificativa desenvolvida com o objetivo de ajudá-lo. Julgo oportuno mencionar que passado algum tempo, percebo que hoje possuo um trajeto impregnado de experiências diversas pois os desafios acontecem todos os dias. A necessidade de dialogar com pares aumenta a cada dia, pois há momentos em que a solidão e a impotência invadem minha vida! Que tal olharmos para este tema com mais proximidade e conversarmos sobre Alzheimer? Pensem nisso e sobre isso...

quarta-feira, 30 de outubro de 2013

Mãe e filha: quem é quem?

Mãe e filha: quem é quem? - No tempo, somos protagonistas das histórias que produzimos e conferimos autoria. No que diz respeito às relações atuais com minha mãe amada, percebo mudanças impostas pela ordem do tempo do Alzheimer, que promoveu mobilidade e alterações na nossa hierarquia familiar. Pois, a cada dia que passa, me vejo no papel e função de mãe da minha mãe. Tem me sobrado pouco espaço para eu atuar como filha e na verdade, há tempos não sinto o cheiro gostoso e quentinho de um colo de mãe. Nos últimos meses, essa atuação tem se intensificado e assumir o comando de muitas atitudes tem sido constante. Decisões difíceis em caminhos tortuosos têm se acentuado, num fluxo no qual me deparo com opções precárias, na medida em que das ruins, me sobra a menos pior diante da complexidade da evolução inexorável da doença da minha mãe.Nesses momentos cruéis, sempre me recordo de uma das máximas atribuídas a todas as mães. No caso: UMA MÃE JAMAIS DESISTE DE UM FILHO SEU! E é assim, que eu me sinto, como uma leoa a lutar pelos seus filhotes! Que nesta situação, eu busco proteger e cuidar de um filhote frágil, delicado, ferido em partes diversas do seu corpo marcado por tantas dores e sofrimentos tatuados na sua trajetória de vida! Ah, minha doce e forte mãe, agora mais minha filha do que mãe!!! Caminharei pelos caminhos que nos for concedido caminhar a protegê-la sempre e incondicionalmente! O amor tem limites ilimitados e é nele que eu me refrigero e me aqueço para o que estiver reservado para o nosso caminhar. Beijos e gratidão aos que dividem comigo a doce e forte tarefa de registrar pedaços da minha história. Vera Helena, sempre viva, ainda que vez ou outra se sinta despetalada. 30.10.13.

terça-feira, 15 de outubro de 2013

Memória: importância dos registros em tempos de fragilidade e força.

Memória: importância dos registros em tempos de fragilidade e força -  Viajei no dia 18 de setembro e retornei na madrugada do dia 30. Ao chegar, soube que minha mãe encontrava-se num profundo estado de prostração. Medidas foram tomadas, que resultaram na sua internação de 8 dias, sendo que um dia inteiro ela permaneceu na UTI. Momentos de dor se instalaram, pois o seu estado inspirava muitos cuidados, sem promessas positivas sobre a sua recuperação. Mas, a cada dia vivido ao lado da minha mãe amada, certifico-me que o fôlego da sua vida, supera e subverte a todas as expectativas diagnosticadas. Junto dela o maior tempo possível, percebi a sua força e desconforto com o uso da sonda de alimentação. Fragilidade à prova! Nos instantes que nos era permitida a possibilidade de conversarmos o diálogo possível, retomei conteúdos que abordavam sobre o seu passado. Entre silêncios, olhares de ternura, alegria, desespero e braveza, obtive dela fragmentos de relatos dos tempos vividos no seu passado. Percebi então que colher e registrar dados sobre assuntos diversos da vida da minha mãe, foi e tem sido de muita utilidade dentro das limitações impostas pela evolução das doenças que a acometem. Por isso, convido a todos os indivíduos que vivenciam situação semelhante a minha, que façam uso desse recurso valioso no sentido de manter viva a vida possível, mas sempre vida! Beijos e gratidão aos que me ajudam a caminhar um dia de cada vez e sempre. Vera Helena, sempre viva. 15.10.2013.